Mariana Farraia, bolseira de investigação no ISPUP, foi recentemente premiada por um trabalho que avaliou a utilização do nariz eletrónico em contexto clínico.

Mariana Farraia, bolseira de investigação no Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), foi recentemente premiada pela European Academy of Allergy & Clinical Immunology (EAACI) por um trabalho que avaliou a utilização do nariz eletrónico – um dispositivo que avalia o ar exalado dos pacientes – em contexto clínico, com o propósito de auxiliar os médicos a identificarem os doentes com asma, de forma a personalizar a proposta de tratamento.

A investigação, designada Human Volatilome Analysis To Identify Individuals With Asthma In Clinical Settings, e orientada pelos investigadores do ISPUP André Moreira João Rufo, pretendeu avaliar se o nariz eletrónico seria capaz de detetar diferenças entre o ar exalado em pessoas com sintomas sugestivos de asma.

Os investigadores avaliaram a utilização do nariz eletrónico – um dispositivo que avalia o ar exalado dos pacientes -em contexto clínico.

“Usámos o nariz eletrónico para avaliar o ar exalado por pessoas com sintomas de asma, de forma a conseguirmos aceder a diferenças nos compostos exalados, as quais são provocadas pelo estado inflamatório das vias aéreas que caracterizam estes doentes, e assim poder usar a medicina de precisão no tratamento”, explica Mariana Farraia.

“Em pessoas asmáticas e com doenças respiratórias, o estado inflamatório da doença provoca alterações a nível celular que se refletem depois no ar expelido. O nariz eletrónico avalia o perfil de compostos presentes nas amostras de ar e procura detetar as diferenças existentes no ar exalado pelas pessoas com asma”, concretiza a primeira autora do estudo, premiado durante a 17.ª edição da Immunology Winter School, que decorreu na Noruega, entre 24 e 27 de janeiro.

Tendo em conta que a asma é uma doença complexa na qual o diagnóstico é, frequentemente, um processo difícil e pouco ajustado a cada paciente, o estudo, que será ainda publicado, pretende ajudar a criar mais meios de diagnóstico para detetar a asma e auxiliar os médicos a conseguirem dirigir um tratamento mais adequado a cada doente.

O trabalho, que se desenvolveu em duas etapas, nomeadamente a criação do algoritmo que permite o diagnóstico pelo nariz eletrónico e subsequente validação em ambiente clínico real, recebeu também um prémio para que fosse apresentado no ISAF – International Severe Asthma Forum 2018, que decorreu em Madrid, entre 8 e 10 de novembro de 2018.

De acordo com os dados do Inquérito Nacional de Saúde (INS), a prevalência de Asma em Portugal é de 5.3% (aproximadamente 530 mil pessoas). Este trabalho serviu para prova de conceito que fundamenta a tarefa seguinte do grupo: desenvolver um algoritmo que permita identificar as formas mais graves de asma, as quais necessitam de abordagem clínica diferenciada, e que, segundo os resultados do INS, atingem cerca de 1.4% dos portugueses.