Ana Ribeiro quer aplicar o conhecimento obtido em ouriços-do-mar no desenvolvimento de novas técnicas para a regeneração de tecidos humanos.

Ana Ribeiro, jovem investigadora do Instituto de Engenharia Biomédica (INEB), da Universidade do Porto, recebe esta terça-feira, 23 de abril, a edição 2012 do prémio Pulido Valente Ciência, por um projeto de investigação onde estuda a possível utilização de um tecido de colagénio mutável (MTC), característico dos ouriços-do-mar, como modelo para a regeneração de tecidos aplicada à medicina humana.

Aos 31 anos, Ana Ribeiro vê distinguido com um dos mais prestigiados prémios científicos nacionais destinados a jovens investigadores o trabalho desenvolvido no INEB,  onde estudou a fisiologia de uma espécie de ouriço-do-mar que existe na costa portuguesa, o Paracentrotus Lividus.  Desse trabalho, traduzido no artigo New Insights into Mutable Collagenous Tissue: Correlations between the Microstructure and Mechanical State of a Sea-Urchin Ligament (publicado na revista PlosOne Vol.6 de 2011), resultou a caraterização das propriedades mecânicas do colagénio dos ligamentos dos equinodermes (grupo de animais que inclui também a estrela-do-mar), cuja grande capacidade de sofrer alterações muito rápidas pode ser recriada em biomateriais para regenerar tecidos humanos durante a cicatrização.

Para a cientista portuense, doutorada em Engenharia Biomédica pela Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP), o foco principal do projeto passou por tentar “compreender quais os mecanismos subjacentes à mutabilidade dos tecidos (MTC) e quais as moléculas responsáveis pelo seu dinamismo“. É esse conhecimento adquirido nos equinodermes que a equipa de investigação coordenada por Mário Barbosa pretende aplicar à medicina humana, através do desenvolvimento de biomateriais com propriedades mecânicas dinâmicas à base de colagénio, material já muito aplicado no domínio da cirurgia estética e cujas aplicações poderão ir desde a regeneração de tecidos conjuntivos e tecidos de cicatrização” até tratamentos anti-envelhecimento.

Atualmente a fazer o seu pós-doutoramento na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Ana Ribeiro vê assim premiado mais uma vez o trabalho inovador que iniciou na U.Porto. Em janeiro passado, já tinha sido distinguida com a edição 2012 do prémio científico internacional Daniel Jouvenance, um galardão atribuído anualmente pela Institut de France Foundation a investigadores jovens de todo o mundo que se destaquem pelo seu trabalho nas áreas da química, biotecnologia marinha e oceanografia.

A sessão de entrega do Prémio Pulido Valente Ciência 2012 a Ana Ribeiro vai decorrer às 15h30 desta terça-feira, no edifício do Ministério da Educação e Ciência, em Lisboa.

Sobre o Prémio Pulido Valente Ciência

Fruto da parceria entre a Fundação Professor Francisco Pulido Valente (FFPV) e a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), O Prémio Pulido Valente Ciência (PPVC) é atribuído anualmente desde 2003 e pretende estimular a investigação no domínio das Ciências Biomédicas, através da distinção anual de um artigo científico resultante de investigação realizada numa instituição de I&D nacional, publicado por um cientista com menos de 35 anos.