Joana Moscoso foi um dos sete premiados na categoria “Humanitarians”. (Foto: DR)

A investigadora Joana Moscoso, Marie Curie Post-doctoral Fellow no grupo de investigação «Molecular Microbiology» do i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto, foi reconhecida com o prémio «MIT Innovators Under 35»  – categoria “Humanitarians” – pelo trabalho em comunicação de ciência que tem desenvolvido com comunidades imigrantes ao longo dos últimos cinco anos, através da empresa de que é cofundadora, a Native Scientist.

O “MIT Innovators Under 35” é a mais importante distinção atribuída pela MIT Technology Review – revista publicada pelo prestigiado Massachusetts Institute of Technology – e visa “dar visibilidade ao trabalho dos mais jovens e talentosos líderes tecnológicos, capazes de materializar ideias que vão revolucionar o mundo da tecnologia e dos negócios num futuro próximo

Realizada anualmente desde a criação da revista, em 1999, a iniciativa tem uma edição europeia e uma latino-americana. Joana Moscoso foi o único representante português entre os 35 europeus  distinguidos este ano nas cinco categorias premiadas (Entrepreneurs, Humanitarians, Inventors, Pioneers e Visionaries). O galardão foi entregue no passado dia 14 de setembro, em Paris.

A investigadora é uma das cofundadoras da Native Scientist, empresa sem fins lucrativos que usa a ciência como meio de aprendizagem de línguas entre as crianças de comunidades imigrantes. (Foto: DR)

Criada em Londres em 2013 por duas jovens cientistas (Tatiana Correia e Joana Moscoso), a Native Scientist é uma empresa sem fins lucrativos que promove a ciência e a diversidade linguística e cultural junto dos mais novos. Desde a sua criação, a Native Scientist organiza workshops em três países europeus e nove línguas diferentes, tendo chegado a mais de 2500 crianças.

A Native Scientist, especifica Joana Moscoso, «é uma rede independente de investigadores internacionais determinados a ajudar a combater a desigualdade educacional de crianças imigrantes». «É um trabalho que faço “on a private capacity outside normal working hours”, mas que está sempre comigo e que faz parte do plano de trabalhos proposto na minha bolsa Marie Curie», sublinha a investigadora e antiga estudante de Biologia da Faculdade de Ciências da U.Porto (FCUP), que regressou no ano passado à Universidade depois de um percurso internacional que, durante nove anos, incluiu passagens pela Suécia, Austrália e pelo Imperial College, em Londres, onde completou o doutoramento e se especializou no estudo de bactérias.

Antiga estudante da FCUP, Joana Moscoso regressou a Portugal em 2016 ao abrigo de uma bolsa Marie Sklodowoska-Curie, no valor de 150 mil euros. (Foto: Egidio Santos/U.Porto)

A distinção da MIT Technology Review surpreendeu por isso a investigadora do i3S, mas deixou-a também muito feliz:  «Estou supercontente com este prémio. Confesso que ainda não consegui muito bem perceber o que ele significa, mas já aconteceram algumas coisas boas. Quando soube da notícia, fiquei “paralisada” por uns breves momentos».

Joana Moscoso explica ainda a importância de um projeto deste género ser premiado: «Na Europa, a probabilidade de uma criança imigrante ter baixo aproveitamento escolar é duas vezes maior do que uma criança não imigrante. O que a «Native Scientist» faz é tentar colmatar esta desigualdade através da ciência e da interação das crianças com role models, os cientistas. Graças às tecnologias de que dispomos hoje em dia e à vontade dos cientistas em criar um mundo melhor e mais justo, estamos a levar a ciência para fora dos laboratórios e a inspirar uma futura geração de cientistas».