A investigadora portuense vai recolher uma série de amostras que serão depois processadas, com o objetivo de estudar os processos biogeoquímicos do azoto. (Foto: DR)

Catarina Magalhães, investigadora no Centro Interdisciplinar de investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR), partiu esta semana para uma campanha oceanográfica no Ártico no âmbito do projeto NitrOnIce financiado pelo programa PROPOLAR.

Durante três semanas, a investigadora irá permanecer a bordo do navio de investigação científica norueguês “Lance”, conjuntamente com os investigadores Pedro Duarte e Philipp Assmy, do Instituto Polar Norueguês (NPI), para monitorizar a zona marginal do gelo do Ártico e da área de Kongsfjorden, chegando a uma latitude de N82º.

Catarina Magalhães vai recolher uma série de amostras que serão processadas a bordo, com o objetivo de estudar os processos biogeoquímicos do azoto. Já a maioria das amostras relativas às comunidades microbianas planctónicas será preservada para posterior isolamento do DNA e avaliação da diversidade e função através da utilização de técnicas de metagenómica (estudo genético de uma amostra ambiental).

Ao longo dos últimos 30 anos, o gelo marinho que cobre o Oceano Ártico tem recuado na área e expansão. O regime de gelo marinho mais fino e mais jovem tem vindo a provocar alterações na dinâmica do fitoplâncton e na biogeoquímica do Ártico com implicações globais. Do ponto de vista do compartimento biogeoquímico, os ecossistemas naturais abrigam uma grande diversidade de microrganismos capazes de transformar o azoto (N) e torná-lo disponível para a produção biológica. “Compreender as fontes de azoto que alimentam esta nova dinâmica de produtividade é essencial para a previsão de tendências futuras”, refere a investigadora.

Catarina Magalhães tem vindo a participar num programa de monitorização liderado pelo NPI, que propõem um estudo abrangente em termos espaciais e temporais acerca da importância dos processos do azoto e comunidades microbianas no Oceano Ártico. “Este projeto possibilita aos jovens investigadores desenvolverem a sua investigação nos ecossistemas Árticos estabelecendo uma cultura internacional de cooperação e aumentar o número de investigadores portugueses com acesso aos ambientes polares” revela a investigadora.