galardão a 10 de agosto, em Vancouver (Canadá), no Encontro Anual da Academy of Management.

Sérgio Costa recebeu o galardão a 10 de agosto, em Vancouver (Canadá), no Encontro Anual da Academy of Management.

O prémio de melhor tese de doutoramento do mundo na área de empreendedorismo foi atribuído, pela primeira vez, a um português. Sérgio Costa, investigador do INESC TEC, professor auxiliar convidado na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e investigador visitante na Universidade de Gent (Bélgica), recebeu o galardão a 10 de agosto, em Vancouver (Canadá), no Encontro Anual da Academy of Management.

O Heizer Best Dissertation Award da Entrepreneurship Division da Academy of Management é considerado o prémio mundial mais importante na área de empreendedorismo. Foram nomeados três finalistas, mas foi o investigador português quem venceu com a tese de doutoramento intitulada Business Model Change in Early-Stage University Spin-offs, desenvolvida na Universidade de Strathclyde (Reino Unido).

Na sua tese de doutoramento, Sérgio Costa aborda a evolução dos modelos de negócio em spin-offs universitárias, utilizando uma metodologia indutiva e longitudinal, com recolha de dados em tempo real nas fases iniciais de desenvolvimento deste tipo de empresas, algo inédito na área da gestão.

Neste estudo exploratório, o investigador acompanhou oito spin-offs da Universidade de Strathclyde, realizando cerca de 98 entrevistas ao longo de 12 meses, para perceber os mecanismos de alteração do modelo de negócio e o modo como estes afetam a performance da empresa.

“O meu objetivo era abrir o debate e gerar algumas proposições sobre como mudam os modelos de negócio. A minha tese sugere que empresas cujas equipas fundadoras detenham um elevado conhecimento de gestão e de mercado, e possuam elevada experiência em empreendedorismo apresentam, em geral, menos alterações ao modelo de negócio e uma performance superior”, refere Sérgio Costa.

O investigador introduziu, pela primeira vez nesta área, relações entre a frequência com que o modelo de negócio é alterado e certas variáveis, tais como o grau de envolvimento dos empreendedores, o conhecimento de mercado, de gestão e de arranque de novas empresas.

Sérgio Costa sugere também que empresas com elevada performance tendem a interagir mais cedo, mesmo antes da sua constituição, e mais intensivamente com vários stakeholders para iterar os seus modelos de negócio pretendidos. Adicionalmente, estas empresas tendem a estabelecer mais parcerias e com um espectro mais alargado de atores (privados e públicos), no sentido de acederem a mais recursos.

As proposições desenvolvidas neste estudo podem também ter implicações para outras empresas que não spin-offs, desde que estejam inseridas em contextos de elevada incerteza tecnológica e de mercado.

Concluído em novembro de 2014, este trabalho foi orientado por Jonathan Levie (Universidade de Strathclyde, Reino Unido) e Marina Biniari (Universidade de Aalto, Finlândia).

No que diz respeito ao futuro, Sérgio Costa pretende dar continuidade ao estudo. “Queremos agora testar algumas das proposições induzidas, utilizando amostras maiores de spin-offs de diferentes universidades e geografias. Para o efeito, o INESC TEC está a desenvolver uma base de dados com a população de todas as spin-offs universitárias portuguesas. Esta iniciativa está a ser articulada com as bases de dados existentes em Itália, Noruega e Reino Unido”, conclui o investigador.