Delfim Duarte vai estudar papel de uma proteína no reaparecimento da leucemia mieloide aguda. (Foto: DR)

Delfim Duarte, investigador do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) e docente na Faculdade de Medicina da U.Porto (FMUP), venceu a Bolsa D. Manuel de Mello, no valor de 50 mil euros, com um trabalho que visa analisar o papel da proteína CD18 no reaparecimento da leucemia mieloide aguda.

A Leucemia Mieloide Aguda (LMA) é uma doença muito agressiva e com opções terapêuticas limitadas. Um dos maiores problemas desta doença é a sua  resistência à quimioterapia e a difícil eliminação de “doença residual mínima” que se traduz num alto risco de recidiva, ou reaparecimento. A resistência da doença acontece porque as células malignas que residem na medula de um doente com LMA criam o seu próprio ecossistema e proliferam graças à interação com células vizinhas alojadas nos vasos sanguíneos. Investigações anteriores confirmam que esta interação é promovida por várias proteínas. A investigação agora premiada vai explorar se a proteína CD18 está envolvida neste processo.

De acordo com Delfim Duarte, o «facto de os vasos sanguíneos da medula óssea, quando expostos a estímulos inflamatórios, aumentarem a expressão da proteína CD18, leva-nos a acreditar que esta proteína poderá promover a ligação entre o microambiente inflamado e as células da leucemia, favorecendo, assim, o aparecimento de sinais que permitem a resistência à quimioterapia e o reaparecimento da leucemia».

A confirmar-se o papel desta proteína na proliferação das células malignas, será possível aplicar novas opções terapêuticas, nomeadamente inibidores da CD18 por forma a potenciar os efeitos da quimioterapia e, assim, diminuir o risco de recidiva nos doentes com Leucemia Mieloide Aguda.

O prémio foi entregue no passado dia 19 de fevereiro, no Hospital CUF Porto. (Foto: DR)

Além de averiguar o papel da proteína CD18 no reaparecimento da leucemia mieloide aguda, a investigação, que vai decorrer nos próximos dois anos, pretende ainda perceber qual a percentagem de doentes que a expressam. «Já temos alguns dados que sugerem que em alguns subtipos de leucemia mieloide aguda, a sua expressão está aumentada. Queremos ver se é só nesses subtipos ou se é em todos», explica o investigador, que é também interno de Hematologia no IPO-Porto.

A Bolsa D. Manuel de Mello é atribuída anualmente pela Fundação Amélia de Mello e pela José de Mello Saúde com o objetivo de contribuir para a investigação e progresso das Ciências da Saúde, e destina-se a premiar jovens médicos, até aos 40 anos, que desenvolvam projetos de investigação clínica, no âmbito das Unidades de Investigação e Desenvolvimento das faculdades de medicina portuguesas.

Recorde-se que delfim Duarte foi também recentemente distinguido pela Sociedade Europeia de Hematologia com um prémio de 160 mil euros. O projeto premiado tem como objetivo explorar o papel do ferro na leucemia mieloide aguda, desenvolver novas terapêuticas e conseguir aumentar a qualidade de vida destes doentes oncológicos. Também no início do ano, o investigador recebeu uma menção honrosa atribuída pelo júri do prémio «Rui Osório de Castro/Millennium bcp» pelo seu projeto sobre «O papel da inflamação no microambiente da leucemia linfoblástica aguda de células T», realizado em colaboração com investigadores do Imperial College London e do instituto WEHI (Melbourne).