O Mexilhão-zebra (Dreissena polymorpha) foi uma das espécies estudadas pelos cientistas da U.Porto.

Ronaldo Sousa, investigador no CIIMAR – Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto é um dos autores do estudo “Impacts of biological invasions: what’s what and the way forward”, que chama a atenção para os impactos ecológicos e económicos causados por espécies invasoras.

O artigo publicado na revista Trends in Ecology and Evolution, uma das mais prestigiadas revistas científicas internacionais, procura evidenciar os progressos recentes na compreensão do impacto e gestão das espécies invasoras, assim como realçar a dicotomia entre os impactos negativos e positivos destas espécies e a sua interação com a sociedade.

A devastação de um grande número de espécies endémicas; a erradicação de comunidades de plantas; a introdução de doenças e parasitas que afetam as espécies nativas e o Homem; a alteração dos regimes de fogo ou regimes hídricos nos ecossistemas invadidos e a alteração do ciclo de nutrientes, são algumas das consequências causadas por estas espécies invasoras. Contudo, apesar de estes impactos negativos serem responsáveis por grandes mudanças nos ecossistemas e causarem prejuízos económicos avultados, nos últimos anos tem-se verificado alguns efeitos positivos gerados pela introdução destas espécies, nomeadamente a sua utilização como matéria-prima (várias espécies de plantas são um fonte de madeira) ou como um recurso alimentar importante para várias espécies protegidas, inclusive para o Homem.

Para Ronaldo Sousa, que é também professor na Universidade do Minho, esta dicotomia entre impactos potencialmente negativos e positivos poderá levantar uma problemática social já que o impacto na vegetação destas espécies é elevado e campanhas de erradicação ou diminuição de efectivos são vistas como uma possível resposta para solucionar este problema. Planos que visem a morte de espécies carismáticas como mamíferos e aves usualmente encontram grande oposição do público em geral, enquanto campanhas que visem a erradicação de invertebrados ou plantas já não levantam grandes problemas.