Pedro Vaz Pinto liderou projeto que levou à descoberta de uma população de palancas negras, espécie que se julgava extinta.

Pedro Vaz Pinto, investigador do CIBIO – Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto / InBIO Laboratório Associado – Angola, é o vencedor da edição 2013 do Prémio Internacional Terras Sem Sombra para a área de biodiversidade, pelo seu trabalho de conservação da Palanca Negra Gigante, antílope que apenas existe em Angola e se encontra em elevado risco de extinção.

Este Prémio é concedido anualmente pelo Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja a três personalidades de mérito reconhecido nas áreas da música, património e biodiversidade. Em 2013, a distinção vem enaltecer o trabalho que Pedro Vaz Pinto tem vindo a desenvolver há mais de uma década com o objetivo de preservar aquele que é um dos mais belos e imponentes antílopes do mundo, e símbolo de Angola.

A palanca negra gigante é uma espécie endémica de Angola, existente apenas na província de Malanje, que se julgava extinta por não haver registo concreto da sua existência desde 1982. Entre 2002 e 2004, no decurso de expedições realizadas pela equipa de Pedro Vaz Pinto ao Parque Nacional da Cangandala, próximo de Malanje, foram obtidos os primeiros indícios da presença dos animais, tais como rastos e amostras de fezes, para além de observações fugazes. Contudo, foi apenas em 2005 que com a identificação fotográfica de oito animais se provou a sobrevivência da palanca.

A natureza deste feito já mereceu reconhecimento internacional, tendo Pedro Vaz Pinto sido galardoado com o Prémio 2006 Whitley Award, patrocinado pelo Whitley Fund for Nature, devido à qualidade e impacto do programa.

Deste trabalho de investigação resultou um projeto inovador de conservação da palanca negra gigante, baseado numa abordagem que articula metodologias diversificadas e técnicas de investigação avançadas.Este trabalho “tem sido feito em parceria com o Ministério do Ambiente em Angola, e beneficia de uma forte aposta na investigação científica, colaboração com as comunidades residentes na área e com apoios significativos provenientes do sector privado”, esclarece o investigador.

Segundo Pedro Vaz Pinto, “a conservação da palanca negra gigante é de grande relevância, dado tratar-se de um animal em risco crítico de extinção, restando menos de 100 exemplares vivos”. Tendo em consideração que a caça furtiva continua a ser uma das maiores ameaças à palanca, torna-se essencial sensibilizar as populações para acompanhar e participar activamente nas estratégias de monitorização e recuperação da espécie.

Relativamente ao Prémio Internacional Terras Sem Sombra , Pedro Vaz Pinto refere que “o prémio é bastante prestigiante e logicamente é sempre gratificante saber que o nosso trabalho é reconhecido internacionalmente”. Mas acrescenta que “o mais importante é que constitui uma oportunidade para divulgar o nosso projecto e alertar para o risco de extinção que ameaça a palanca”.

Sobre Pedro Vaz Pinto

Pedro Vaz Pinto é um biólogo angolano, nascido em 1967 na cidade de Luanda. Formado em Engenharia Florestal, com especialização em Gestão dos Recursos Naturais, pelo Instituto Superior de Agronomia (Universidade Técnica de Lisboa), afiliou-se em 2003 ao Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola, tendo desde então vindo a coordenar o Projecto de Conservação da Palanca Negra Gigante. É, atualmente, investigador no pólo de Angola do CIBIO / InBIO Laboratório Associado, e responsável científico da equipa de investigação em Mamalogia do recém-criado twinlab resultante da geminação entre o CIBIO e o Herbário e Museu de Ornitologia do Lubango (HMOML) do Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla – ISCED-Huíla.