O investigador Luís Gonçalves no laboratório

Luís Gonçalves é um dos membros da equipa de investigação sediada na Faculdade de CIências da U.Porto.

Explicada de forma simples, a Microextração por Difusão Gasosa (Gas-diffusion Microextraction) é uma nova forma de extração de compostos para fins analíticos, com vantagens em termos de tempo, custo e precisão, ou até mesmo a nível ambiental. Isso mesmo foi reconhecido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial que, no passado mês de maio, concedeu o título de patente nacional a esta tecnologia desenvolvida na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), aumentando ainda mais o leque de patentes da U.Porto.

Com a assinatura da equipa de investigação liderada por Aquiles Araújo Barros – e constituída também por José Rodrigues, Luís Gonçalves e João Pacheco -, do Departamento de Química e Bioquímica da FCUP, esta tecnologia propõe uma nova metodologia de análise a  compostos do aroma de alguns alimentos.  A extração consiste na imersão numa amostra de uma “sonda” com uma membrana microporosa na ponta. Através de uma combinação de fatores químicos e físicos, a “sonda” é capaz de extrair uma pequena quantidade do composto que se deseja analisar.

Numa primeira fase, a tecnologia foi utilizada na análise de cetonas, aldeídos e sulfitos em vinho e cerveja mas, segundo o investigador Luís Gonçalves, “basta o analista ter imaginação para a lista de potenciais análises crescer”, uma vez que se trata de uma ferramenta que além de inovadora e vantajosa é também bastante versátil.

Apesar da fé no potencial da tecnologia, o processo acabou por se transformar numa luta morosa para a equipa de investigação. “Foi uma luta bastante difícil”, realça Luís Gonçalves, sobre um processo que passou pela morosa “escrita do texto da patente e também por todas as burocracias e discussões que têm uma linguagem muito distante do que se aprende na Universidade”.

No entanto, as vantagens da proteção sobrepuseram-se aos obstáculos e, com o apoio da UPIN (Universidade do Porto Inovação), a tecnologia encontra-se agora protegida no território português. Na opinião de Luís Gonçalves, patentear é sempre um passo importante quer pelas portas abertas para o mundo exterior (que se poderá traduzir em ganhos para a Universidade), quer pelo reconhecimento nacional pelo trabalho realizado. “Sem publicar [que só se pode fazer depois de patentear], um grupo de investigação terá certamente muitos problemas em desenvolver a tecnologia em questão. E, claro, é possível que no entretanto alguém publique ou patenteie uma tecnologia semelhante”, disse o investigador.

Filipe Castro, gestor de tecnologia da UPIN, acompanhou o processo desde o início e salienta as vantagens de uma tecnologia que “resultou de uma melhoria circunstancial, o que a tornou bastante atraente e adequada para resolver questões práticas, que surgem no dia-a-dia dos laboratórios de análises clínicas. A capacidade de criar soluções a partir de pequenas melhorias é fundamental, sendo o princípio da inovação e da excelência que tanto procuramos”.

A equipa de investigação destaca igualmente a importância do envolvimento do gabinete em todo o caminho percorrido: “A UPIN foi fundamental. Basta dizer que não acreditamos que a patente existisse sem o apoio da UPIN”, reusme Luís Gonçalves. Neste momento, o objetivo da equipa é continuar a desenvolver a tecnologia patenteada, de modo a despertar o interesse da indústria: “Quando a ideia é boa, bem desenvolvida e bem divulgada, o interesse externo continuará a surgir”, remata o investigador.