Cientistas vão desenvolver um protótipo de uma ferramenta que permita prever o aspeto da mama após uma cirurgia conservadora.

Uma equipa do INESCPorto (Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores do Porto), , entidade coordenadora do Laboratório Associado INESC TEC, vai integrar um consórcio internacional responsável pelo desenvolvimento de ferramentas – no âmbito do projeto europeu PICTURE – que ajudem as mulheres a escolher entre as diferentes opções de tratamento para o cancro da mama de acordo com o resultado estético.

O cancro da mama é o tipo de cancro mais comum na Europa e é normalmente tratado com cirurgia (conservadora ou mastectomia), frequentemente conjugada com tratamentos de radioterapia e sistémicos. Ainda assim, estima-se que para 30% das mulheres submetidas a uma cirurgia conservadora (a menos agressiva), o resultado estético não é o desejado, comprometendo a recuperação psicológica da paciente e a sua autoimagem após o tratamento.

“O cancro da mama é cada vez mais uma doença tratável [a taxa de sobrevivência de dez anos excede os 80%], mas muitas mulheres viverão vários anos com as consequências da sua terapia. O tratamento do cancro da mama desenvolveu-se de tal forma que os médicos, cirurgiões e pacientes podem agora juntar-se para pesar todos estes fatores e participar assim de um processo de decisão partilhado sobre as opções de tratamento. No entanto, não existia até agora uma forma objetiva de avaliar o resultado estético de um tratamento ao cancro da mama”, explica Maria João Cardoso, investigadora no INESC TEC e Cirurgiã-Chefe na Unidade de Cancro da Mama da Fundação Champalimaud em Lisboa.

É esta falha que os investigadores envolvidos no consórcio pretendem colmatar com o projeto PICTURE (Patient Information Combined for the Assessment of Specific Surgical Outcomes in Breast Cancer). Na prática, o objetivo passa por desenvolver um protótipo de uma ferramenta que permita prever qual será o aspeto da mama depois de submetida a uma cirurgia conservadora. Desta forma, a ferramenta poderá ser um importante contributo para as discussões entre médicos e pacientes relativamente à melhor opção de tratamento. Para além disso, permitirá apoiar os cirurgiões na otimização aspetos relacionados com a cirurgia (tais como o tamanho e localização da incisão) por forma a minimizar as alterações na aparência da mama.

Para isso, o consórcio do PICTURE pretende desenvolver técnicas de modelação biomecânica que fazem uso de fotografias em 3D e exames de diagnóstico comuns (tais como mamografias, ecografias e ressonâncias magnéticas) para criar uma representação digital da anatomia da mama. O objetivo é que este modelo digital permita prever e visualizar os efeitos estéticos do tratamento.

O projeto PICTURE tem a duração de três anos e ficará concluído em janeiro de 2016, contando com um financiamento de 2,15 milhões de euros do 7º Programa-Quadro da União Europeia, no âmbito do acordo n° FP7-600948. Para além do INESC Porto, integram este consórcio os laboratórios LUMC (Holanda), UCL (Reino Unido), KCL (Reino Unido) e a Philips.

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