Maria de Sousa é Professora Catedrática Jubilada do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS). (Foto: DR)

O Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) tem uma história própria e singular que não pode ser esquecida nem ignorada. E a esta história estão «colados» nomes de personalidades que o construíram e o tornaram distinto das demais instituições de ensino da Medicina. Foi com base nesta premissa que nasceram os «Seminários Livres de História da Medicina» e é também com esse objetivo que, no próximo dia 18 de abril, será homenageada Maria de Sousa, investigadora emérita do IBMC/i3S, Professora Catedrática Jubilada do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) e Professora Emérita da U.Porto.

Uma das primeiras mulheres portuguesas a serem reconhecidas internacionalmente pelas suas descobertas científicas, Maria de Sousa é uma das três figuras, a par de Corino de Andrade (em março passado) e Nuno Grande (em maio), que o ICBAS vai homenagear ao longo deste ano, tendo como mote «O ICBAS e as figuras de relevo e paradigmáticas nas Neurociências». “A nossa prioridade é focar personalidades paradigmáticas na história da medicina e com especial relação com o ICBAS. Para concretizar este objetivo contamos com o contributo fundamental da Casa Museu Abel Salazar e do Ipatimup/i3S”, explica Ana Mafalda Reis, regente da Unidade Curricular de História da Medicina do Mestrado Integrado de Medicina do ICBAS e organizadora destes Seminários.

O ponto alto do seminário dedicado a Maria de Sousa será uma mesa redonda intitulada «Como foi possível fazer o ICBAS, o GABBA, o i3S…?», moderada pela própria homenageda, a quem se juntarão Manuel Sobrinho Simões, diretor do Ipatimup e vice-diretor do i3S, e Ana Mafalda Reis. As apresentações vão ficar a cargo de Carmo Fonseca (investigadora, presidente do IMM e professora catedrática da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa), Graça Porto (investigadora do i3S e docente do ICBAS), Manuel Correia (Professor Catedrático do ICBAS e Diretor Serviço de Neurologia do CHP), Pedro Resende (investigador do i3S e representante dos Alumni GABBA) e Mário Barbosa (investigador, diretor do i3S e professor do ICBAS). O programa completo pode ser consultado aqui.

Inseridos na Unidade Curricular de Historia da Medicina e inicialmente dirigidos para os alunos do 1º ano da unidade curricular de Historia da Medicina do Mestrado Integrado de Medicina, estes Seminários tinham como objetivo dar aos estudantes a oportunidade de privarem com outras áreas do conhecimento e do saber no âmbito do ensino de historia da medicina e da formação de futuros médicos com características humanísticas e cultura médica. A adesão dos alunos e da restante comunidade cientifica à primeira edição do evento – sobre «A Medicina e as artes de Curar» – acabou por motivar a organização deste segundo ciclo de seminários dedicados a personalidades relevantes, que desta vez são abertos à comunidade em geral.

Dado o relevo da iniciativa e dos homenageados para o panorama nacional e internacional, estes seminários integram a Agenda do Ano Europeu do Património Cultural. A entrada é livre, mas com inscrição prévia através dos endereços de e-mail [email protected] ou [email protected]

Sobre Maria de Sousa

Nascida em Lisboa em 1939 e licenciada em Medicina em 1963, Maria de Sousa cedo deixou o País para prosseguir a sua carreira académica científica em Inglaterra, Escócia e Estados, onde dirigiu  o Laboratório de Ecologia Celular do prestigiado Memorial Sloan Kettering Cancer Center, em Nova Iorque. Foi nessa fase que se distinguiu internacionalmente  enquanto autora de vários artigos científicos fundamentais para a definição da estrutura funcional dos órgãos que constituem o sistema imunológico, entre os quais o que consagrou a descoberta da área timo-dependente (1966), hoje conhecida universalmente por área T.

Em 2016, a cientista foi distinguida pelo Presidente da República com a Grã-Cruz da Ordem Militar de San’tiago de Espada.

Foi precisamente o seu trabalho em doentes com hemocromatose hereditária que trouxe Maria de Sousa para o ICBAS em 1985, para fundar o Mestrado em Imunologia. Enquanto docente e investigadora da U.Porto, foi responsável pela constituição de uma equipa de investigação nova no campo da hemocromatose, repartida pelo ICBAS, pelo Hospital Geral de Santo António e pelo então novo Instituto de Biologia Celular e Molecular (IBMC). Ao nível do ensino pós-graduado, encabeçou em 1996 a criação do Programa Graduado em Biologia Básica e Aplicada (GABBA), um programa pioneiro em Portugal, resultado da colaboração entre o ICBAS, as faculdades de Ciências (FCUP) e de Medicina (FMUP), o IBMC, o Instituto de Engenharia Biomédica (INEB) e o Instituto de Patologia e Imunologia Molecular (IPATIMUP) da U.Porto (estes três últimos, integrados atualmente no i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto).

Condecorada pelo Presidente da República em novembro de 2016 com a Grã-Cruz da Ordem Militar de San’tiago de Espada, um dos mais altos graus desta insígnia destinada a distinguir o mérito literário, científico e artístico, Maria de Sousa já recebeu inúmeras distinções nacionais e internacionais. Entre mais importantes incluem-se o prémio “Estímulo à Excelência”, atribuído pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (2004), o Prémio Universidade de Coimbra (2011) e o Prémio Universidade de Lisboa, em 2017. Em outubro de 2009, assinalou a sua jubilação com uma Última Aula no Salão Nobre da Reitoria da U.Porto, o mesmo local onde, um ano mais tarde, lhe seria confiado o título de Professora Emérita da Universidade do Porto.