[Da esq. para a dir.] Paulo Pereira, Meriem Lamghari, Mário Barbosa, Raquel Gonçalves e Susana Santos compõem a equipa de investigação. (Foto: DR)

O projeto «Disc degeneration, neuro and immuno-modulation», liderado pela investigadora Raquel Gonçalves, do grupo «Microenvironments for Newtherapies» do i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto, foi recentemente distinguido pela Eurospine – The Spine Society of Europe (Sociedade Europeia da Coluna),tendo recebido um financiamento de 50 mil euros para desenvolver uma nova estratégia terapêutica para a dor lombar.

A solução em desenvolvimento nos laboratórios do i3s tem como alvo «mais propriamente a dor discogénica resultante da degeneração do disco intervertebral». Um problema clínico, explica Raquel Gonçalves, que «é líder em termos de número de anos vividos com incapacidade e tem tendência para aumentar com o envelhecimento da população».

Os investigadores querem conhecer melhor os mecanismos por detrás da dor resultante da degeneração do disco intervertebral. (Foto: DR)

O financiamento obtido para o projeto, que conta com a participação dos investigadores do i3S Meriem Lamghari, Mário Barbosa, Susana Santos e de Paulo Pereira, em representação do Serviço de Neurocirurgia do Centro Hospitalar S. João, vai permitir então estabelecer modelos in vitro mais complexos de degeneração do disco intervertebral, resposta inflamatória e enervação associadas, de forma a melhor compreender os mecanismos por trás desta doença. Ao mesmo tempo, nota Raquel Gonçalves, permitirá também «explorar o potencial terapêutico do secretoma de células estaminais mesenquimais, que tem mostrado resultados promissores noutros contextos clínicos».

É a segunda vez que esta investigadora vê um projeto seu ser premiado pela Eurospine, o que, para Raquel Gonçalves, «representa o reconhecimento da sociedade europeia especialista em coluna, que reúne os maiores especialistas na área, nomeadamente clínicos, da importância da investigação básica nesta área».

«Apesar de sermos um dos poucos grupos em Portugal e mesmo na Europa a trabalhar nesta área, somos capazes de atrair o financiamento desta sociedade. Isso deixa-me orgulhosa», reconhece a investigadora do i3S.

Na mesma semana, Raquel Gonçalves recebeu também a notícia de que a sua candidatura a uma bolsa Alexander Humboldt for Experienced Researchers tinha sido aprovada. «F oi a cereja no topo do bolo», reconhece.

A fundação Alexander Humboldt, explica Raquel Gonçalves, «financia bolsas de investigação para desenvolvimento de um projeto na Alemanha a investigadores de mérito, formando assim uma rede de contactos, à qual eles próprios designam como a «família Humboltiana». Esta bolsa, acrescenta, «permitir-me-á financiar a minha estadia durante seis meses na Alemanha, para desenvolver um projeto no Institute of Orthopedics and Biomechanics em Ulm, um instituto com reconhecidas competências na área da biologia do disco intervertebral e modelos de biomecânica, com quem já temos uma colaboração estabelecida». Neste caso, conclui a investigadora, «pretendo ir aprofundar os meus conhecimentos numa estrutura específica do disco intervertebral para melhor compreender o fenómeno da formação da hérnia».