Dos projetos apoiados pelo RESOLVE resultou a submissão de sete novas patentes e a criação de três startups. (Foto: Egidio Santos/U.Porto)

O RESOLVE, programa de ignição na área da saúde sediado no Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto – i3S, encerrou a primeira série com chave de ouro ao atribuir prémios aos projetos que mais se destacaram nas categorias Melhor Projeto de Inovação e Melhor Proposta de Negócio.

O programa, que nos últimos dois anos apoiou a transferência de conhecimento científico e tecnológico de projetos inovadores e promissores em estágio inicial, recebeu mais de 60 candidaturas, contou com mais de 23 parceiros e apoiou 15 projetos. Destes foram submetidas sete novas patentes, criadas três startups e mais duas estão em processo de criação.

Projeto AntiBioCoat

Entre as ideias distinguidas na categoria Inovação inclui-se o AntiBioCoat, um projeto focado no desenvolvimento de um revestimento anti-adesivo baseado num polímero natural produzido por uma bactéria marinha. Desenvolvido pelas investigadoras Rita Mota, Fabíola Costa, Cristina Martins e Paula Tamagnini, este revestimento pode ser aplicado a qualquer tipo de cateter (urinário, venoso central, etc.) para prevenir a adesão de bactérias e subsequente infeção do paciente/indivíduo, propondo portanto uma via eficiente e barata para reduzir infeções adquiridas durante a utilização prolongada de cateteres.

Projeto OncoAdvanc+

Nos projetos premiados pelo seu caráter inovador encontramos ainda o OncoAdvanc+, cujo foco é centrado na avaliação pré-clínica de novos compostos para tratamento de cancro colorretal. As terapias anticancerígenas atuais são limitadas, no sentido em que não são dirigidas à origem do problema – a célula mutante. Assim, as células tornam-se resistentes, levando à progressão da doença. A equipa, composta por Maria Alice Carvalho, Sérgia Velho e Marta Oliveira, identificou um composto promissor, que tem como alvo dois oncogenes importantes no desenvolvimento e progressão de cancros para os quais não existem inibidores eficientes. Este composto tem, por isso, um valor clinico único para a medicina personalizada.

Projeto HECOLCAP

Já na categoria de Melhor Proposta de Negócio foram também dois os projetos distinguidos. É o caso do HECOLCAP, que propõe o tratamento da infeção óssea num único passo, através de um novo material implantável baseado num biomaterial associado a um antibiótico. Após remoção dos tecidos infetados, o material é colocado, libertando o antibiótico em dosagem terapêutica de um modo controlado e prolongado. Depois de eliminar a infeção, o biomaterial tem a capacidade de promover o recrutamento, adesão e proliferação de células de osso, resultando no aumento da taxa de formação de novo osso, reduzindo o tempo de recuperação do paciente. A tecnologia proposta pelos investigadores Susana Sousa e Fernando Jorge Monteiro apresenta um potencial de aplicação para a área dentária e veterinário.

Projeto PathoWatch.med

O outro projeto premiado foi o PathoWatch.med, assinado pela investigadora Manuela Oliveira. Em ambiente hospitalar, os agentes patogénicos circulantes (bactérias, fungos, vírus) podem despoletar infeções adquiridas em ambiente hospitalar. Na última década, este problema tem sido alvo de uma preocupação crescente. A solução proposta por PathoWatch.med consiste num método inovador para monitorizar focos de infeção como um instrumento para controlar a taxa de infeções hospitalares. A PathoWatch.med propõe-se recolher amostras de superfícies em ambiente hospitalar, utilizando em seguida tecnologia de topo para a identificação dos principais agentes patogénicos.

Todos os projetos apoiados pelo RESOLVE nos últimos dois anos tinham em comum o potencial de se traduzirem em soluções para o benefício do doente e dos profissionais de saúde, respondendo a desafios societais prementes. O apoio dado pelo programa incluía um conjunto de ferramentas desenhadas para necessidades especificas, tanto em termos de tecnologia como em termos de estratégia de mercado, nomeadamente vouchers para validação de provas de conceito e protótipos; acesso a fóruns com utilizadores finais; via verde para estudos clínicos; a integração de alunos de MBA nas equipas dos projetos; um observatório de plataformas de Open Innovation; acesso a listas de contactos para licenciamento; e encontros com investidores.