A equipa portuguesa é liderada pela investigadora do i3S Meriem Lamghari (Foto: DR)

Um projeto de investigação em regeneração de cartilagem, liderado por uma equipa do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto – i3S, e com a participação de mais nove parceiros de sete países, foi recentemente financiado pela Comissão Europeia com 5,5 milhões de euros. Denominado RESTORE, o projeto visa criar matrizes 3D com incorporação de nanomateriais inteligentes para reparar defeitos de cartilagem do joelho e assim diminuir ou retardar o aparecimento da osteoartrite, que afeta atualmente 242 milhões de pessoas no mundo.

Segundo Meriem Lamghari, investigadora do i3S que lidera o consórcio europeu, estas matrizes “são desenhadas para serem implantadas à medida e preencherem o espaço do defeito e responder às forças mecânicas da articulação do joelho. Além disso, têm nanopartículas inteligentes com propriedades regeneradoras, anti-inflamatórias e antimicrobianas. As nanopartículas que têm propriedades regeneradoras podem ser ativadas remotamente sem métodos invasivos sempre que for necessário”. Para esse efeito, adianta a investigadora, «a equipa do projeto irá desenvolver uma joelheira equipada com sensores capazes de ativar as nanopartículas que se encontram na matriz implantada».

O trabalho da equipa do i3S, que irá receber cerca de um milhão de euros, vai centrar-se na «produção das nanopartículas para libertação de fármacos, testar a sua segurança e eficácia, incorporá-las nas matrizes e voltar a testar a funcionalidade», explica Meriem Lamghari.

O RESTORE surge na sequência de discussões construtivas entre cirurgiões ortopédicos, engenheiros de tecidos, investigadores de materiais e biólogos celulares no sentido de responder a necessidades clínicas cada vez mais prementes. Assim, explica a investigadora do i3S, «estamos a propor duas matrizes, uma que é baseada num polímero que já foi testado na clínica veterinária, nomeadamente em animais de grande porte, para grandes defeitos de cartilagem do joelho; e outra matriz gerada com a tecnologia de bioimpressão, composta por células de cartilagem humanas e à qual também iremos incorporar as nanopartículas inteligentes. Esta matriz é mais adequada a defeitos pequenos».

Este consórcio, que irá desenvolver o trabalho durante os próximos 44 meses com a participação de parceiros de Espanha, Itália, Alemanha, Islândia, Noruega, Suécia e Finlândia, articula-se com outro projeto europeu denominado MIRACLE, no qual o i3S também está envolvido, centrado no diagnóstico da degradação da articulação do joelho. Além disso, o grupo trabalha igualmente em articulação com um outro projeto que está a ser desenvolvido por um parceiro da Noruega, que está a desenvolver protocolos de biosegurança na utilização de nanotecnologias e nanomateriais em humanos.