O projeto é liderado pela investigadora do i3S Margarida Saraiva. (Foto: i3S)

Uma equipa do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), liderados pela investigadora Margarida Saraiva, lançou recentemente, na Guiné-Bissau, um projeto que visa perceber a razão pela qual a bactéria da espécie Mycobacterium africanum, causadora de tuberculose em algumas regiões de África, é «menos severa» e está associada a «uma progressão mais lenta da doença».

Margarida Saraiva, líder do grupo de investigação «Immune Regulation» e coordenadora do projeto, explica que o principal objetivo dos investigadores é “perceber por que razão a tuberculose provocada pelo Mycobacterium africanum tem características diferentes da tuberculose provocada pela bactéria mais comum, o Mycobacterium tuberculosis”.

O projeto, denominado «Host pathogen interactions in tuberculosis: lessons from Mycobacterium africanum» e financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e pela Rede Aga Khan para o Desenvolvimento (AKDN), foi lançado no início de dezembro na Guiné-Bissau, país da África Ocidental, onde, segundo a investigadora, a «a tuberculose é muito prevalente, nomeadamente a provocada pelo Mycobacterium africanum».

Foto coletiva do workshop que teve lugar na Guiné-Bissau. (Foto: DR)

O último estudo realizado, que comparava a prevalência do Mycobacterium tuberculosis com a do Mycobacterium africanum naquele país, indicava que cerca de 50% da doença seria provocada pelo Mycobacterium africanum. «Temos uma excelente oportunidade para estudar o Mycobacterium africanum, bem como os motivos que justificam que esta bactéria não se tenha alastrado de África aos restantes continentes, como acontece com o Mycobacterium tuberculosis», sublinha a investigadora.

A iniciativa, que conta com a colaboração do Projeto de Saúde Bandim, do Laboratório de Saúde Pública da Guiné-Bissau e do Hospital Raoul Follereau, o principal centro de tratamento da tuberculose do país, bem como da Aarhus University (Dinamarca), visa também capacitar a população guineense para o estudo da tuberculose.

Para o lançamento do projeto, do qual fazem também parte investigadores guineenses e dinamarqueses, foi organizado um workshop dedicado aos profissionais de saúde (Tuberculose Pulmonar: da bactéria ao hospedeiro humano). Segundo Margarida Saraiva, a equipa do i3S, que desde 2015 tem vindo a desenvolver vários projetos no âmbito da tuberculose, prevê que no próximo ano se realizem workshops relacionados também com a parte experimental.