Ana Paula Pêgo lidera a equipa que desenvolveu esta tecnologia baseada em dendrímeros para entrega de fármacos para neuroregeneração.

O Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), o IPO-Porto e a empresa biofarmacêutica Phyzat assinaram recentemente o acordo para o desenvolvimento de uma nova terapia contra o cancro. Com apoio financeiro do Norte 2020, e um investimento total de mais de 900 mil euros, o projeto SIRNAC decorrerá nos próximos dois anos. Os parceiros visam desenvolver um novo medicamento baseado em RNA de interferência, validar novos alvos terapêuticos e adaptar à oncologia uma tecnologia desenvolvida no i3S para entrega de ácidos nucleicos.

A participação do i3S centra-se no desenvolvimento de um novo sistema de entrega de oncoterapias genéticas com recurso a dendrímeros, macromoléculas capazes de incorporar fármacos e que podem ser desenhados para os entregarem a alvos específicos. Ana Paula Pêgo, que lidera a equipa que desenvolveu no INEB (um dos institutos que integra o i3S) esta tecnologia baseada em dendrímeros para entrega de fármacos para neuroregeneração, sublinha que «esta tecnologia tem também muito potencial como sistema de entrega alternativa de fármacos noutras estratégias terapêuticas, como por exemplo no cancro».

A investigadora principal do projeto adianta que o seu grupo «há muito tempo que se concentra no desenvolvimento destes nanocarregadores com propriedades ideais para transportarem ácidos nucleicos, como por exemplo RNA de interferência». Por outro lado, as terapias genéticas para o cancro ainda precisam de um veículo ideal para entregar os ácidos nucleícos especificamente às células cancerígenas. É aqui que surge o encontro perfeito entre a investigação desenvolvida no i3S e a Phyzat.

Paulo Osswald, CFO da empresa biofarmacêutica parceira do projeto e docente convidado da Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP), explica que «a Phyzat tem em curso alguns programas para desenvolvimento de terapias genéticas contra o cancro e as doenças degenerativas e esta tecnologia dos dendrímeros, de que o i3S é proprietário, apresenta um grande potencial para complementar o nosso trabalho».

No IPO-Porto o projeto é liderado pelo Coordenador do Grupo de Oncologia Molecular e Patologia Viral, Rui Medeiros, com a colaboração do Serviço de Gastroenterologia e Anatomia Patológica. O IPO-Porto, como maior instituição oncológica do país, salienta este especialista, «tem assumido através da Oncologia Molecular e do seu Centro de Investigação (CI-IPOP), um papel na liderança da investigação e na identificação de biomarcadores moleculares com significado prognóstico/preditivo. Este percurso na investigação tem permitido concretizar uma Medicina de Precisão e alcançar uma melhoria e personalização dos tratamentos anti-neoplásicos, o que resulta num impacto positivo na evolução clínica do doente». Este projeto, em articulação com o i3S e a Phyzat, acrescenta Rui Medeiros, «vem com certeza fortalecer a investigação e o desenvolvimento de novas terapias genéticas contra o cancro».

Este acordo entre o IPO, a Phyzat e o i3S é um exemplo claro da investigação colaborativa translacional que as três entidades estão fortemente comprometidas em desenvolver.