Exposição sobre Aníbal Cunha" levou mais de 10 mil visitantes ao edifício da Reitoria da U.Porto, entre junho e dezembro de 2012.

Durante o segundo semestre de 2012, a figura de de Aníbal Cunha, histórico farmacêutico e fundador da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP), foi celebrada com um intenso programa de atividades que atravessou toda a academia. Um ano depois, é esse percurso que se revisita  no catálogo da “Homenagem a uma Figura Eminente da U.Porto: Aníbal Cunha”, livro que procura perpetuar a riqueza de eventos que decorreram ao abrigo desta comemoração.

Entre as memórias agora postas em livro, destaca-se a exposição “A farmácia no tempo de Aníbal Cunha” que, entre 28 de junho e 13 de dezembro de 2012, levou mais de 10 mil visitantes ao  Edifício Histórico da Reitoria da U.Porto, para aí reviverem a vida e a obra de Aníbal Cunha, a história da Farmácia e do ensino farmacêutico em Portugal. Foi também uma oportunidade única para dar a conhecer alguns objetos que marcaram a história da ciência, casos de  uma placa de Petri assinada por Fleming, evocativa da descoberta da penicilina; uma cópia do artigo da revista “Nature”, onde foi revelada a estrutura do DNA; um autorretrato e um livro de estudo de Arthur Conan Doyle com várias notas e comentários manuscritos pelo criador de “Sherlock Holmes”, entre outros.

Paralelamente, a homenagem “teve também uma forte componente de reflexão e debate com um ciclo de conferências onde o passado, presente e futuro da farmácia, do ensino e das ciências farmacêuticas foram amplamente discutidos”, recorda Carlos Afonso, professor da FFUP e Comissário da Homenagem. Entre as figuras que protagonizaram esse debate estiveram o general Ramalho Eanes, o atual Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, “a par de muitas outras personalidades garantiram a excelência dos debates e palestras”.

O ciclo dedicado a Aníbal Cunha não se limitou, contudo, às fronteiras da Universidade. Entre as iniciativas que animaram a cidade do Porto durante o tempo que durou a homenagem destaca-se a  iniciativa “1499 alimentos”, que “pôs em evidência a vocação e preocupação social do farmacêutico”. Carlos Afonso lembra ainda os “excelentes momentos musicais, a distribuição de abraços e balões e a criação de um roteiro pelas farmácias históricas do Porto” como “exemplos que perdurarão na memória”.

Em jeito de balanço, o comissário destaca ainda “o envolvimento dos estudantes da Universidade que souberam imprimir, através da sua generosidade e energia, uma constante dinâmica que tornaram esta homenagem um evento transversal a todas as gerações e que foi criador de uma forte esperança e compromisso de responsabilidade para com a Escola que Aníbal Cunha tão sabiamente criou”.

O lançamento do livro das comemorações da Figura Eminente da U.Porto 2012 – Aníbal Cunha está marcado para o próximo dia 12 de dezembro, pelas 16h00, no Salão Nobre da FFUP, e será presidido pelo Reitor da U.Porto, José Marques dos Santos. Segue-se uma conferência sobre “Critérios de acesso, desempenho, comparabilidade e abandono escolar no Ensino Superior” proferida por José Sarsfield Cabral, Pró-Reitor da U.Porto.

A sessão vai culminar com a inauguração da “Sala Aníbal Cunha”, pelo diretor da Faculdade de Farmácia, José Costa Lima.

Quem foi Aníbal Cunha?

Nome maior no processo de afirmação da Faculdade de Farmácia da U.Porto enquanto escola de referência no ensino farmacêutico em Portugal, Aníbal Cunha (1868 – 1931) começou por se notabilizar como estudante, professor e investigador da Escola de Farmácia do Porto, instituição fundadora da FFUP, então anexa à Escola Médico-Cirúrgica. Em 1911, ano da fundação da U.Porto, torna-se 1º assistente da escola (agora integrada na Faculdade de Medicina), onde acabaria por ter um papel importante na autonomização do ensino da Farmácia em 1915, que culminou com a criação da Faculdade, em 1921.

Enquanto diretor da FFUP e vice-reitor da U.Porto, Aníbal Cunha desempenhou ainda um papel decisivo na construção do edifício que acolheu a faculdade durante 94 anos (1918-2012), papel que Câmara Municipal do Porto reconheceu ao dar o nome do docente à rua onde se encontra o edifício.

Natural do Porto, Aníbal Cunha notabilizou-se ainda pela forte intervenção social e cívica. Ainda jovem, participou como sargento no movimento revolucionário de 31 de Janeiro, o que o obrigaria ao exílio em Espanha e no Brasil. Na qualidade de tenente-coronel farmacêutico, recebeu várias medalhas e distinções, com destaque para o grau de Oficial da Ordem Militar de S. Tiago da Espada e o grau de Comendador da Ordem Militar de Aviz.