hepatitis

Dados recolhidos levam os investigadores a acreditar que “não faz sentido fazer o rastreio sistemático de toda a população”.

Um estudo pioneiro do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) sobre a prevalência da Hepatite C mostra que o impacto e a dimensão da doença em Portugal são menores do que o que era projetado pela comunidade científica. Os primeiros dados de base populacional foram divulgados esta terça-feira, Dia Mundial das Hepatites, e identificam apenas dois casos de portadores da infeção, numa amostra constituída por 1017 pessoas a viver no Grande Porto, entre os 15 e 64 anos.

Estes resultados traduzem-se numa prevalência de 0,2%, uma percentagem que corresponderá a 14 mil casos em Portugal, caso seja extrapolada para a população geral do país. Nesse sentido, segundo Henrique Barros, presidente do ISPUP, “no máximo, haverá 50 mil pessoas com hepatite C, e não 150 mil como tem sido dito”, considerando que o contributo da infeção pode vir de utilizadores de drogas injetáveis, estimados em 35 mil.

Dada a baixa expressão da infeção a nível nacional, “não faz sentido fazer o rastreio sistemático de toda a população”, o que representa “um enorme desperdício de recursos”, defende Henrique Barros, alertando antes para a necessidade de prestar mais atenção às pessoas que receberam transfusões de sangue antes de 1991, às que utilizam drogas injetáveis, bem como às que pertencem a comunidades de risco como os homens que têm relações sexuais com homens. Isto porque nestes grupos a frequência da infeção é mais alta do que na população em geral.

O estudo desenvolvido pelo ISPUP  traz um contributo fundamental a esta área da saúde, já que, até à data, em Portugal, apenas existiam estudos parcelares efetuados em populações de maior risco, como homens que têm relações sexuais com homens e utilizadores de drogas, ou em dadores de sangue. No entanto, nunca se tinha feito um estudo numa larga amostra aleatória da população.

Ainda segundo os investigadores da U.Porto, é importante que haja oportunidade de alargar a amostra, de modo a que se consiga ter abrangência nacional. Isto apesar de se saber que a população do Porto, que tem sido seguida pelo ISPUP, tende a refletir a realidade em saúde de todo o país.