Café Majestic

Paradigma da Arte Nova na cidade do Porto, o Majestic foi considerado o sexto café mais bonito do mundo em 2011. (Foto: DR)

Alexandre Alves Costa descreve-o como um “arquiteto tranquilo”, mas a sua obra está intimamente ligada a alguns dos espaços mais vibrantes do Porto na primeira metade do século XX, como o Cine Teatro Olímpia, o Cinema Trindade ou o Café Majestic. Assim se define João Queiroz, arquiteto portuense cujo acervo bibliográfico e documental vai ser entregue à Fundação Instituto Arquitecto José Marques da Silva (FIMS).

Natural do Porto, João Marcelino Queiroz (1892-1982) diplomou-se em Arquitetura Civil pela Escola de Belas Artes do Porto, antecessora das atuais faculdades de Arquitetura (FAUP) e de Belas Artes (FBAUP) da Universidade do Porto. “Homem bom e de sociedade, republicano, capitão do exército e proprietário de uma loja de artigos decorativos regionais, na Rua de Santa Catarina, onde passava, por dia, umas horas de cavaqueira”, foi profissionalmente “um homem isolado (…) desenhando, ele próprio, todas as peças do projeto”, recorda o arquiteto Alexandre Alves Costa, Professor Jubilado da FAUP.

Na sua cidade natal, projetou, “sem a-prioris moralistas ou ideológicos sobre a qualidade do cliente”, o Cine Teatro Olímpia, o Cinema Trindade, uma hipótese não construída para o Cinema Batalha e o Café Majestic (1921), na linha dos cafés tardo-romanticos. Construiu ainda prédios, lojas, igrejas, escolas e uma enorme quantidade de moradias.

Grande parte desta obra está refletida na biblioteca que ficará agora depositada na Fundação Marques da Silva por doação dos seus herdeiros. Nela podem encontrar-se livros, revistas e coleções de estampas, mas também documentos relativos ao arquivo profissional de João Queiroz que permitem entender o seu trabalho e a própria arquitetura da época.

A assinatura do contrato de doação decorrerá no dia 18 de maio, a partir das 21h30,  no Café Majestic. Segue-se a intervenção do arquiteto Alexandre Alves Costa, Professor Jubilado da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP), sobre “João Queiroz, um Arquiteto tranquilo”. O evento, organizado pela FIMS em parceria com o Café Majestic, está integrado na programação do Dia Internacional dos Museus.

Sobre a Fundação Instituto José Marques da Silva

Instituída pela Universidade do Porto em 2009, a Fundação Instituto José Marques da Silva (FIMS) tem como missão a classificação, preservação, conservação, investigação, estudo e divulgação de todo o património artístico e arquitetónico do arquiteto José Marques da Silva. Compete-lhe ainda a promoção do acervo literário, artístico, arquitetónico e urbanístico dos arquitetos Maria José Marques da Silva Martins e David Moreira da Silva, bem como o acolhimento de outros fundos ou unidades documentais de valor patrimonial, histórico, científico, artístico ou documental ligados , preferencialmente, à arquitetura e ao urbanismo portuenses. Em 2011 recebeu, em regime de comodato, o arquivo profissional e a biblioteca do arquiteto Fernando Távora. A fundação assinou depois, em 2013, a doação do arquivo e acervo pessoal do arquiteto José Carlos Loureiro e, já em 2014, do arquivo e biblioteca pessoal de Alcino Soutinho.