Alcino Soutinho

Legado de Alcino Soutinho abrange um conjunto alargado de obras que estendem de norte a sul de Portugal.

No próxima dia 19 de junho, o espólio a cargo da Fundação Instituto José Marques da Silva (FIMS) vai passar a contar com o arquivo e biblioteca pessoal de Alcino Soutinho. Menos de um ano após a sua morte, o legado do histórico arquiteto portuense junta-se assim ao de outros grandes nomes da arquitetura portuense como Maria José Marques da Silva Martins, David Moreira da Silva, Fernando Távora e o incontornável José Marques da Silva.

Arquiteto e professor ligado à famosa “Escola do Porto” (corrente que ajudou a edificar enquanto professor da Escola Superior de Belas-Artes do Porto e, posteriormente, da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP)Alcino Soutinho (1930-2013)  formou-se na ESBAP em 1957. Aliando desde cedo o trabalho de arquiteto ao de docente, primeiro na ESBAP (a partir de 1972) e, mais tarde, na FAUP, pela qual se jubilou em 1999, proferiu conferências, participou em debates em Portugal e no estrangeiro e publicou obras em livros e revistas de arquitetura. Presidiu ainda ao Centro Português de Design (1998-2001), à Assembleia-geral da Cooperativa de Atividades Artísticas Árvore (2003-2006) e à Ordem dos Arquitetos (1999-2002).

Autor de uma intensa obra arquitetónica, reconhecida e premiada em todo o mundo, projetou, em cerca de 50 anos de uma intensa prática profissional, um conjunto alargado de obras que se estendem de norte a sul do país. O edifício da Biblioteca-Museu Amadeo de Souza Cardoso, em Amarante (1977 – Prémio AICA), a recuperação do Castelo de Vila Nova de Cerveira (1982 –  Prémio “Europa Nostra”) e a renovação da Faculdade de Belas Artes da U.Porto (FBAUP) são alguns dos seus projetos mais emblemáticos, marcados pelo “saber técnico, solidez construtiva e uma notável adequação ao lugar e à função”, destaca a FIMS.

São os registos deste exercício de projeto, enquadrados por um conjunto de livros referenciais, que, por cedência da família de Alcino Soutinho, vão passar agora a estar salvaguardados e publicamente disponíveis para consulta, estudo e divulgação na Fundação Marques da Silva, no que se pretende que represente mais um importante contributo para o conhecimento do processo da Arquitetura em Portugal.

A cerimónia pública de assinatura do contrato de doação  vai ter lugar no Palacete Lopes Martins (praça Marquês de Pombal, nº 30) a partir das 18h30 e irá contar com uma reflexão crítica sobre a figura e obra de  Alcino Soutinho a cargo de Jorge Figueira, arquiteto e professor de História e Teoria de Arquitectura na Universidade de Coimbra

Sobre a Fundação Instituto José Marques da Silva

Instituída pela Universidade do Porto em 2009, a Fundação Instituto José Marques da Silva (FIMS) tem como missão a classificação, preservação, conservação, investigação, estudo e divulgação de todo o património artístico e arquitetónico do arquiteto José Marques da Silva. Compete-lhe ainda a promoção do acervo literário, artístico, arquitetónico e urbanístico dos arquitetos Maria José Marques da Silva Martins e David Moreira da Silva, bem como o acolhimento de outros fundos ou unidades documentais de valor patrimonial, histórico, científico, artístico ou documental ligados , preferencialmente, à arquitetura e ao urbanismo portuenses. Em 2011 recebeu, em regime de comodato, o arquivo profissional e a biblioteca do arquiteto Fernando Távora. A fundação assinou depois, em 2013, a doação do arquivo e acervo pessoal do arquiteto José Carlos Loureiro.