Primeiras conclusões mostram que os jovens das regiões de fronteira sentem desigualdade no acesso a oportunidades de formação e emprego. (Foto: U.Porto)

Estudar e compreender os jovens que vivem nas zonas de fronteira são os principais objetivos do projeto GROW.UP – Crescer em regiões de fronteira: jovens, percursos e agendas. De acordo com a análise dos primeiros dados, os jovens de fronteira são resilientes, têm um forte sentimento de pertença ao país e à Europa, e sentem desigualdades no acesso ao Ensino Superior e ao emprego.

Coordenado pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da U.Porto, a investigação envolveu 4000 participantes de 38 municípios e vai prolongar-se por mais dois anos. O projeto GROW.UP – Crescer em regiões de fronteira: jovens, percursos e agendas” envolve uma equipa de 10 investigadores, coordenada por Sofia Marques da Silva. O objetivo é não só analisar as influências contextuais, institucionais e sistémicas das vidas destes jovens, como também compreender de que modo as comunidades estão a contrariar as desigualdades.

No âmbito do GROW.UP foram inquiridos jovens do 9.º ao 12.º anos, de norte a sul do país, bem como os diretores de escolas e vereadores dos pelouros da juventude e educação das câmaras municipais. De acordo com os resultados apresentamos recentemente em Chaves, uma grande parte dos jovens tem como expectativa ir para o Ensino Superior, mas a oferta é menor. Entre os jovens inquiridos, é comum a vontade de sair para outros territórios à procura de novas experiências, ao mesmo tempo que é evidente um forte sentimento de pertença dos jovens em relação às suas regiões.

O estudo permitiu também analisar as comunidades e escolas resilientes, que serão posteriormente mapeados de acordo com as abordagens e as diferentes formas de responder às necessidades dos jovens. Apesar da identificada heterogeneidade existente entre as várias regiões fronteiriças, as primeiras conclusões do estudo revelam que os professores têm um papel fundamental no desenvolvimento do jovem, mas que existem menos atividades de relacionamento entre as escolas e as famílias.

Durante os próximos dois anos, serão aprofundados os estudos nas zonas Centro e Sul e serão desenvolvidas agendas para a juventude, e uma aplicação para os jovens analisarem a oferta educativa e cultural nos seus municípios. Está também prevista a organização de dois ‘e-books’ e um livro e modelos de intervenção.

O projeto GROW.UP é apoiado no âmbito do Compete e pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e conta com um financiamento de cerca de 200 mil euros. As primeiras conclusões foram apresentadas em Chaves, no “Encontro de Fronteiras I”, um evento que juntou pessoas de escolas, diretores e docentes, investigadores, autarcas, associações juvenis da região, e outras entidades de relevo, como o IPDJ, a Federação Nacional de Associações Juvenis, a Comunidade Intermunicipal do Alto Tâmega.