Pijama “especial” é impregnado de uma substância usada no tratamento de queimaduras (Foto:DR)

Poderá um pijama ajudar no tratamento da dermatite atópica? A resposta a esta questão será encontrada através do projeto 2nd Dermis, desenvolvido pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e pela Escola Superior de Biotecnologia (ESB) da Católica Porto, recentemente distinguido com o segundo lugar do Prémio SPAIC – Bial-Aristegui 2012.

A Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica  (SPAIC) premiou assim um projeto inovador que pretende avaliar a eficácia de peças de vestuário interior com quitosanos – polissacarídeo catiónico produzido através da deacetilação da quitina, um polissacarídeo encontrado em crustáceos – no tratamento da dermatite atópica.

A dermatite atópica é uma doença cutânea inflamatória crónica, caraterizada pelo aparecimento de manchas e lesões na pele associadas a muito prurido. Afetando sobretudo as crianças, a doença assume contornos mais graves na idade adulta, tendo um impacto significativo na qualidade de vida dos doentes e das suas famílias.

Partindo da inovadora e promissora área dos têxteis biofuncionais, a equipa de investigadores analisou as propriedades antimicrobianas dos têxteis utilizados no fabrico de um pijama especial, que está a ser testado em portadores da doença. A partir dos conhecimentos e aplicações do quitosano, foi ainda avaliada a eficácia dessa substância sobre os microrganismos que se encontram associados às lesões surgidas pela doença.

Terminado o período de investigação, a equipa do projeto 2nd Dermis criou um tecido de algodão orgânico especial que reduziu ‘in vitro’ a proliferação de bactérias provenientes da pele de doentes com dermatite atópica. Assim, está a ser estudado o efeito de uma camisola interior e leggings impregnados de quitosano, componente antimicrobiano e cicatrizante normalmente utilizado em tratamentos de queimaduras e feridas cirúrgicas, que mantém as suas características terapêuticas mesmo após 30 lavagens.

No projeto participaram ainda a empresa Têxtil Crispin & Abreu, o Serviço e Laboratório de Imunologia da FMUP, a Faculdade de Farmácia da U.Porto (FFUP), o Centro de Nanotecnologia e Materiais Inteligentes e o Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal.