Doença respiratória atinge 300 milhões de pessoas em todo o Mundo. (Foto: DR)

Um grupo de investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) demonstrou pela primeira vez que os asmáticos apresentam mais micropartículas celulares do que os não asmáticos. Esta informação vai permitir uma melhor compreensão dos mecanismos subjacentes a esta doença respiratória que afeta 300 milhões de pessoas em todo o Mundo. Os resultados acabam de ser publicados na Allergy, uma revista de reconhecido mérito na área da Imunologia.

As micropartículas são fragmentos das membranas de células, como células endoteliais, plaquetas ou leucócitos que, devido a diversos mecanismos, se vão acumulando no organismo. A sua presença em número elevado pode indicar a presença de determinadas doenças, como cancro, diabetes, artrite reumatoide, entre outras. No entanto, a relação entre as micropartículas e a asma ainda não estava estudada.

A equipa de investigadores dos Departamentos de Bioquímica e Imunologia da FMUP avaliou os níveis de micropartículas na asma. “Realizámos testes clínicos e laboratoriais num grupo de 20 pacientes asmáticos e 15 não asmáticos”, explica Delfim Duarte, investigador principal. Para além da presença de micropartículas, a equipa aferiu ainda os níveis de inflamação e angiogénese (formação de novos vasos sanguíneos a partir dos existentes) apresentados pelos indivíduos em estudo.

Os resultados revelaram que os pacientes asmáticos apresentam níveis elevados de micropartículas provenientes de plaquetas e de micropartículas endoteliais apoptóticas, embora a concentração das últimas fosse menor.

Estas observações sugerem que as micropartículas das plaquetas poderão participar na fisiopatologia da inflamação das vias aéreas que caracteriza a asma e abrem portas à criação de novos biomarcadores.

O estudo foi financiado pela Fundação Professor Ernesto de Morais, que distingue os melhores projetos de trabalho desenvolvidos por estudantes da FMUP e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), nas áreas de Genética e Imunologia, com honras pecuniárias atribuídas anualmente.