Equipas lideradas por Luís Azevedo e Ana Coelho foram galardoados com prémios de 7.500 euros.

A Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) venceu, este ano, os dois Prémios Grünenthal Dor atribuídos pela prestigiada Fundação Grünenthal. Os galardões, destinados a reconhecer um trabalho de Investigação Básica e outro trabalho de Investigação Clínica, ambos na área da Dor, foram atribuídos aos investigadores Ana Coelho e Luís Azevedo, respetivamente.

Prémio de Investigação Básica, avaliado em 7.500 euros, distinguiu o trabalho com o título “Intrathecal administration of botulinum toxin type A improves urinary bladder function and reduces pain in rats with cystitis”, da autoria de Ana Coelho, Raquel Oliveira, Ornella Rossetto, Francisco Cruz, Célia Duarte Cruz e António Avelino, da FMUP e do Instituto de Biologia Molecular e Celular (FMUP/IBMC).

Neste estudo, a equipa de investigação da FMUP/IBMC analisou os efeitos da administração de uma injeção de toxina botulínica do tipo A no canal raquidiano, num modelo animal de dor na bexiga e hiperatividade. O objetivo foi avaliar o efeito deste tratamento na atividade dos nervos sensoriais periféricos e do sistema nervoso central.

Os resultados revelaram que toxina reduziu os sintomas de dor, a hiperatividade da bexiga, e a expressão de marcadores de ativação neuronal e CGRP, tipicamente aumentados neste modelo inflamatório.

No futuro, “consideramos que a translação deste efeito para o humano poderá ajudar a tratar não só a dor pélvica mas também outros tipos de dor intratável, tais como a dor associada a determinadas neoplasias”,conclui Ana Colho, investigadora do Departamento de Biologia Experimental da FMUP e do IBMC, lembrando que “para alguns doentes nenhum tratamento é eficaz e a dor torna-se insuportável podendo mesmo levar à remoção cirúrgica da bexiga”.

Já o Prémio de Investigação Clínica, também de 7.500 euros, foi entregue ao trabalho “Chronic Pain and Health Services Utilization – Is There Overuse of Diagnostic Tests and Inequalities in Non-pharmacologic Treatment Methods Utilization?” da autoria de Luís Azevedo, Altamiro da Costa Pereira, Liliane Mendonça, Cláudia Camila Dias e José Manuel Castro Lopes, da FMUP.

“Com esta investigação foi possível descrever para a população portuguesa, pela primeira vez, os padrões de utilização de serviços de saúde associados à dor crónica, nomeadamente, tratamentos farmacológicos e não-farmacológicos, seguimento por profissionais de saúde e utilização de exames complementares de diagnóstico”, explica Luís Azevedo, investigador principal do estudo vencedor na categoria de Investigação Clínica.

E acrescenta: “Observou-se uma utilização muito significativa de serviços de saúde associados à dor crónica, foram descritos os fatores mais fortemente associados a esta utilização – a gravidade da dor e os fatores psicológicos e socioeconómicos – e foi possível descrever a eventual existência de sobreutilização de testes diagnósticos e iniquidades na utilização de tratamentos não-farmacológicos”.

“No futuro consideramos que este estudo poderá vir a constituir-se como uma ferramenta chave para o desenvolvimento de políticas de saúde nesta área”, conclui o investigador da FMUP.

O Júri do Prémio Grünenthal Dor 2013 foi constituído por sete elementos: um representante da Fundação Grünenthal e seis personalidades médicas da Associação Portuguesa para o Estudo da Dor, Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, Sociedade Portuguesa de Anestesiologia, Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação e da Sociedade Portuguesa de Reumatologia.

Criados pela Fundação Grünenthal em 1999, os Prémios Grünenthal Dor constituem o prémio de mais alto valor anualmente distribuído em Portugal, no âmbito da investigação em dor.