Obra de Leonardo da Vinci

Instituições subscritoras defendem que as Humanidades devem ser encaradas “em igualdade com as outras áreas de conhecimento”. (Foto: U.Porto)

A Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) é uma das 65 instituições de todo o mundo que vão assinar, no próximo dia 28 de novembro, a Magna Carta das Humanidades, uma iniciativa da Universidade de Salamanca (Espanha) que tem como objetivo preservar e difundir o valor das Humanidades em todo o mundo.

“Propomos esta Magna Carta das Humanidades com a confiança de que possa servir como oportunidade para renovar o compromisso da universidade com a rica herança humanista que a instituição valoriza e, ainda, como resposta conjunta aos debates estéreis em torno do seu caráter atrativo ou não, da sua inatualidade, rentabilidade ou utilidade”, pode ler-se no preâmbulo do documento, assinado pelos decanos de Artes e Humanidades da Universidade de Salamanca.

Assumindo-se como “um alerta à Universidade e à sociedade sobre os sintomas perturbadores deste processo que se verifica todos os dias em todo o mundo”, a Carta define, como princípios fundamentais, que a “Universidade deve continuar a garantir a presença das Ciências Humanas em todas as áreas da sua intervenção: no ensino, na pesquisa e na divulgação”, bem como “assegurar que os princípios das Humanidades  estejam presentes em todo o processo educativo universitário”.

Estabelece-se ainda que “a Universidade deve promover a reunificação de conhecimentos e práticas (…) em face da fragmentação administrativa”, cabendo às Humanidades  “contribuir para superar o frio mercantilismo burocrático que quer transformar os estudantes em “clientes””.

Para a prossecução destes princípios, as instituições subscritoras comprometem-se, entre outras coisas, a “facilitar o acesso a conteúdos e disciplinas humanísticas aos alunos dos diferentes percursos formativos”, a “adaptar os critérios de avaliação do corpo docente das Humanidades, de modo a que incluam elementos de avaliação específicos e não a mera extensão dos critérios aplicáveis nas ciências experimentais”, ou a “organizar atividades extra-académicas” em áreas tão diversas como as artes, o cinema, a filosofia, o teatro, a música, a literatura, entre outras que permitam “gerar espaços de liberdade e responsabilidade democrática”.

A Magna Carta das Humanidades será apresentada na próxima quarta-feira, no âmbito das comemorações do “Projeto Humanitas” que decorrerão nos dias 27 e 28 de novembro, na Facultad de Filología de la Universidad de Salamanca (ver programa). A FLUP estará representada na cerimónia por Fernanda Ribeiro, diretora da faculdade.