Uma “inspiração”, um visionário e um “exemplo de resiliência”. É desta forma que Stephen Hawking ficará recordado na memória dos estudantes e do diretor do departamento de Física e Astronomia da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), que deixaram o seu testemunho sobre a vida e carreira do físico britânico, falecido esta quarta-feira, aos 76 anos de idade.

Estávamos no início dos anos 80 quando Orfeu Bertolami teve a oportunidade de conhecer pessoalmente Stephen Hawking, seu professor de cosmologia quântica na Universidade de Cambridge. Por essa altura, Hawking iniciava “em colaboração com o físico norte-americano James Hartle, o programa de investigação que hoje referimos como cosmologia quântica”, recorda o docente e atual diretor do departamento de Física e Astronomia da FCUP.

Referindo-se a Hawking como “um cientista extraordinário” e “um ser humano com uma capacidade de superação e de resiliência impensáveis”, Orfeu Bertolami destaca o “importante legado para a física teórica” deixado pelo físico britânico, “muito particularmente, para o entendimento das deficiências intrínsecas da Relatividade Geral de Einstein e para a física dos buracos negros e para a cosmologia, a ciência do Universo como um todo”.

Um legado para a ciência, mas também uma inspiração para cientistas e futuros cientistas que, como ele, se apaixonaram pela Física.

“Deveríamos todos ter um pouco desta visão de uma sociedade que evolui, que não para e não descansa, que persevera e ultrapassa os seus desafios, como ele o fez a vida toda”, destaca Simão Sá, estudante e presidente do Núcleo de Física, Engenharia Física e Astronomia da FCUP – Physikup. “Se ele, que estava sentado numa cadeira de rodas, o conseguiu ver, porque é que nós que temos os olhos mais alto não conseguimos?”, questiona o estudante

No caso de Carolina Silva, o trabalho de Stephen Hawking foi a inspiração que a fez enveredar pela área da Física. O livro “‘Uma breve história do tempo’ foi exatamente o que me trouxe para este mundo e quem muda a tua vida para algo tão bom é alguém que vale a pena recordar”, confessa a estudante.

Já Cláudio Gomes, estudante de doutoramento em Física, recorda o físico britânico como um “extraordinário exemplo de resiliência, dedicação ao conhecimento e à sociedade”. “Seguramente, inspira-me a confiar na perseverante mente humana enquanto descobridora dos mistérios do Universo em todas as escalas. Tenho a certeza que me lembrarei sempre do seu exemplo enquanto pessoa e cientista!”, remata.