Livre acesso a aulas de educação física e supervisão da alimentação por nutricionistas estão associadas a uma menor prevalência de excesso de peso e obesidade em crianças, de acordo com estudo do CINTESIS.

A combinação do livre acesso a aulas de educação física e da supervisão da alimentação por nutricionistas está associada a uma menor prevalência de excesso de peso e obesidade em crianças entre os 2 e os 6 anos de idade, revela um estudo da autoria de Júlio Rocha, investigador do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde, publicado na Acta Portuguesa de Nutrição.

Entre as 129 crianças que compõem a amostra, a prevalência de excesso de peso e de obesidade é de 11,7% (7,8% e 3,9%, respetivamente), bastante “abaixo do expectável comparando com estudos similares”. Na Grécia, por exemplo, essa percentagem atinge os 32,6%.

Todas as crianças participantes frequentam o mesmo jardim de infância, no Centro de Apoio Social de Mozelos (CASM), onde o padrão alimentar é implementado e monitorizado por um nutricionista e a atividade física é oferecida gratuitamente, duas vezes por semana, e supervisionada por um professor de educação física.

De acordo com o investigador do CINTESIS, verificou-se também que a prevalência de excesso de peso e obesidade nas crianças duplica quando ambos os progenitores têm peso a mais, comprovando a influência de um ambiente obesogénico na saúde das crianças. Isto apesar de os pais apresentarem uma prevalência de excesso de peso e obesidade (57,8%) similar à da população geral portuguesa.

O estudo alerta ainda para uma prevalência significativamente maior de excesso de peso e obesidade nas crianças com qualquer tipo de doença, o que pode estar associado a uma maior proteção dos pais, sobretudo na limitação de uma atividade física mais intensa.

Segundo Júlio Rocha, este artigo vem sustentar a ideia de que os programas de prevenção e redução do excesso de peso e obesidade infantil devem começar o mais precocemente possível, integrando a componente do exercício físico gratuito e o controlo da alimentação por parte de nutricionistas. De facto, afirma, “o foco na idade pré-escolar é crucial, tendo em conta que as taxas de remissão são mais elevadas nestas idades, quando se compara com a idade escolar”.

No futuro, o investigador espera que outros estudos possam vir a corroborar os benefícios da implementação deste tipo de estratégia no combate à obesidade infantil, de modo que se tornem extensíveis às crianças de outros jardins de infância do nosso país.