O estudo publicado na revista “International Journal of Obesity” concluiu que indivíduos com maior exposição à adiposidade durante a adolescência apresentam valores superiores de pressão arterial e de resistência à insulina aos 24 anos. (Imagem: Pixabay).

Um estudo desenvolvido por investigadores da Unidade de Investigação em Epidemiologia (EPIUnit) do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) concluiu que indivíduos com maior exposição à adiposidade durante a adolescência, independentemente do seu peso na idade adulta, apresentam valores superiores de pressão arterial e de resistência à insulina aos 24 anos, o que se traduz num aumento do risco cardiovascular.

Sabe-se que a obesidade desempenha um papel crítico no desenvolvimento de fatores de risco cardiovascular. Contudo, permanece ainda por esclarecer o papel das flutuações de adiposidade ao longo da adolescência no aparecimento de fatores de risco cardiovascular na idade adulta.

“Com esta investigação, tentámos perceber se a exposição à adiposidade, durante o período da adolescência até ao início da idade adulta, se relaciona com o risco de desenvolvimento de pressão arterial alta e de resistência à insulina, que são fatores de risco cardiovascular”, refere Joana Araújo, primeira autora do estudo, agora publicado na revista “International Journal of Obesity”.

No trabalho foram analisados dados de 2253 participantes da coorte EPITeen (Epidemiological Health Investigation of Teenagers in Porto), um estudo longitudinal que arrancou em 2003 com o objetivo de compreender como os hábitos e comportamentos adquiridos na adolescência se refletem na saúde do adulto. Os jovens que integraram o estudo foram recrutados aos 13 anos nas escolas da cidade do Porto, e reavaliados aos 17, 21 e 24 anos de idade. Foram avaliados múltiplos parâmetros, nomeadamente o peso, a altura, a pressão arterial e os resultados bioquímicos das amostras de sangue.

Os investigadores propuseram uma nova medida para sumariar a duração e o grau de exposição ao excesso de peso (usando uma metodologia semelhante às curvas ROC), a qual foi calculada para cada indivíduo considerando o período entre os 13 e os 24 anos de idade.

Os resultados mostram que “os indivíduos com maior exposição à adiposidade durante a adolescência apresentam valores superiores de pressão arterial e de resistência à insulina, aos 24 anos”, diz Joana Araújo. Ter um índice de massa corporal (IMC) elevado aos 24 anos, só por si, já condiciona níveis mais elevados de pressão arterial alta e de resistência à insulina. Com este estudo, demonstrou-se também que maiores níveis de adiposidade ao longo da adolescência, independentemente do valor de IMC aos 24 anos, contribuem para o acréscimo deste risco particularmente para a resistência à insulina.

As conclusões da investigação “sublinham a importância do tempo de exposição ao excesso de peso ou obesidade na definição do risco cardiovascular”, remata.

Os investigadores Elisabete Ramos, Milton Severo e Henrique Barros integram também o estudo intitulado “Duration and degree of adiposity: effect on cardiovascular risk factors at early adulthood”.