Diatomácea Arachnodiscus spp. dos sedimentos do Pacifico

Diatomácea Arachnodiscus spp. dos sedimentos do Pacifico

A investigadora do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR), Cristina Lopes, em colaboração com os Professores Michal Kucera (Alemanha) e Alan Mix (USA), descobriram que durante o aquecimento global verificado desde o último máximo glacial, houve mais carbono a ser absorvido pelos oceanos, apesar da diminuição da produtividade.

O estudo, publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, sugere assim que os oceanos podem ser mais eficientes do que se pensava na absorção de CO2 atmosférico durante o aquecimento climático futuro, pelo menos em algumas regiões.

O crescimento de fitoplâncton (plantas microscópicas, como as diatomáceas) perto da superfície do mar converte CO2 em matéria orgânica. Quando o plâncton morre, os seus restos orgânicos decompõem-se na superfície do oceano ou depositam no fundo do mar retendo o CO2 atmosférico. Partindo do princípio de que a quantidade de material orgânico que se deposita no fundo do mar seria a mesma  produzida através da fotossíntese perto da superfície do mar, o estudo revela que apesar da diminuição do crescimento das plantas, o aquecimento passado, na verdade, aumentou a exportação biológica de carbono para o fundo do mar, pelo menos no nordeste do Pacífico.

Cristina Lopes calculou a produtividade do plâncton marinho durante o último grande evento do aquecimento global que conduziu ao fim da última idade do gelo, e descobriu que durante a era glacial o carbono preso no plâncton foi principalmente reciclado em vez de exportado para o fundo do oceano. Esse efeito contraditório foi impulsionado por uma mudança nos ecossistemas, dominada pela grandes diatomáceas.

O estudo revela ainda novas preocupações sobre os impactos na vida marinha devido ao aumento da acidez dos oceanos. “Os oceanos podem não conseguir continuar a absorver quantidades crescentes de CO2 e consequentemente, os modelos usados nos ciclos de carbono terão de ter em conta que pode não haver linearidade entre produtividade oceânica e transporte de carbono para os sedimentos marinhos”, refere a investigadora.