Se há quem aproveite as férias para retemperar forças para os restantes meses do ano, há quem faça do tempo livre razão para ajudar o próximo. Foi o que fez Tiago Sousa, estudante da Faculdade de Economia da U.Porto (FEP), que se encontra a participar na missão do European Solidarity Corps em Norcia, localidade italiana que no último ano tem sido atingida por vários sismos que causaram um total de 300 mortos e 15.000 desalojados em todo o país.
Ao longo de um mês, Tiago Sousa e algumas dezenas de outros jovens voluntários oriundos de toda a União Europeia estão a apoiar diretamente a população de Norcia. Como explica o estudante da FEP, o grupo está particularmente empenhados no acompanhamento das crianças da região: “Ensinamos línguas, partilhamos experiências culturais e, acima de tudo, divertimo-nos – porque depois de tal tragédia, as crianças precisam de sorrir”.
Mas os voluntários europeus têm estado também a participar no esforço de reconstrução, ajudando à construção de estruturas para atividades infanto-juvenis e à reconstrução das dezenas de edifícios históricos e do rico património cultural danificado pelos sucessivos sismos.
Contudo, é no apoio direto à população que se centra a missão do European Solidarity Corps, um programa de voluntariado para jovens europeus dos 18 aos 30 anos de idade, organizado pela Comissão Europeia. “Falamos diariamente com os residentes e reportamos as suas necessidades às autoridades de Norcia, com quem nos reunimos frequentemente para apontar sugestões de âmbito económico, de segurança e outros para a sustentabilidade da reconstrução”, explica Tiago Sousa.
Adicionalmente, os voluntários do European Solidarity Corps têm organizado vários eventos dirigidos à população de Norcia, desde um torneio de Briscola (jogo de cartas de que a bisca portuguesa é uma variante) para os residentes mais idosos até a uma cerimónia de homenagem às vítimas no aniversário do primeiro sismo que assolou a região, a 24 de agosto de 2016.
A participação de Tiago Sousa neste projeto começou com a sugestão de um amigo. Depois de terminada a licenciatura em Economia e antes de iniciar o mestrado em Finanças, ambos na FEP, Tiago Sousa procurava um projeto de voluntariado e o European Solidarity Corps foi-lhe sugerido como uma oportunidade para atingir esse objetivo.
Mas a vontade não chega para participar neste programa da União Europeia. “É preciso seguir um processo pré-definido”, revela o estudante da FEP. “Fiz uma candidatura online onde requeri a participação nesta missão. Após a análise do meu currículo e percurso pessoal, fui chamado para a realização de uma entrevista e só depois fui apurado para colaborar na missão”. “Estou seguro que a licenciatura pela FEP terá sido, entre outras coisas, uma das mais valias que me permitiu ser selecionado”, confessa Tiago Sousa.
Todo este trabalho tem a sua recompensa em Norcia. Apesar das naturais saudades da família e amigos, Tiago Sousa reconhece que “a experiência é suficientemente gratificante para superar tudo isso”. “Em Norcia somos tratados como verdadeiros heróis. Todos nos agradecem de forma sincera, apesar de estarmos nesta missão de forma altruísta e com desprendimento”.
E não é só a população de Norcia que recolhe benefícios desta missão. Também os voluntários do European Solidarity Corps lucram com esta experiência: “É um momento marcante na minha vida, algo que me abre novos horizontes e que me faz crescer enquanto pessoa. Sinto que é uma das melhores oportunidades que se pode ter e eu tive-a no tempo certo”, assume Tiago Sousa.
A missão do European Solidarity Corps em Norcia tem merecido bastante relevo junto da população e autoridades locais, tendo já sido objeto de várias reportagens nos meios de comunicação social regionais e nacionais.