Jorge Costa Lopes (Foto: DR)

Jorge Costa Lopes, estudante de Doutoramento em Estudos Literários, Culturais e Interartísticos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) ganhou o Prémio Literário Vergílio Ferreira com o título “Sobre o Cómico em Vergílio Ferreira”.

Jorge Lopes é mestre em Estudos Literários, Culturais e Interartísticos pela FLUP, tendo obtido a classificação de 20 valores na prova de defesa da sua dissertação, sobre o tema “O Riso em Vergílio Ferreira – Que Riso?”, defendida em outubro de 2013, sob a orientação de Isabel Pires de Lima, e a média final de curso de 19 valores.

Este é já o segundo prémio que ganha, depois de ter sido distinguido com o Prémio de Revelação Ensaio APE/IPLB 2005 com o ensaio “As Polémicas de Vergílio Ferreira e uma Antipolémica ou Polémica do Silêncio”, editado pela Difel, em 2010. Antes havia organizado e editado uma antologia de textos de Beldemónio, pseudónimo de Eduardo de Barros Lobo (1857-1893), intitulada “Jornal de um Artista”.

“”Sobre o Cómico em Vergílio Ferreira” é um título que pretende parafrasear o primeiro ensaio de grande fôlego de Vergílio Ferreira, Sobre o Humorismo de Eça de Queirós (1943), pois entendo que o facto de o autor ter estudado, não só o autor d’ Os Maias, mas também Luís de Camões e Fernando Pessoa, dando um importante relevo ao humor e, sobretudo, à ironia presentes na arte desta trindade maior da literatura portuguesa, estava a autorizar, de algum modo, que se estudasse a sua própria obra ficcional sob o domínio do cómico. Daí considerar igualmente que a partir de Nítido Nulo (1971) se dá mais uma importante viragem no romance de Vergílio Ferreira, momento em que o riso e os elementos do cómico adquirem aí uma outra relevância. Tal presença no palco principal do romance vergiliano surge, em meu entendimento, como uma resposta à “moda” do Estruturalismo em Portugal, a partir de meados da década de sessenta, e, entre outros aspetos, à consequente “morte” do sujeito e do autor, preceituada por dois dos seus nomes mais conhecidos, Barthes e Foucault. Responde ainda, por um lado, à desagregação da Arte, enquanto “mundo original”, e, por outro, às múltiplas crises que assolam o tempo em que vive o autor de Aparição – falo aqui e em concreto, da crise da religião, da derrocada das utopias políticas e do conflito geracional entre pais e filhos, para lá da crise do próprio romance, sobretudo após o surgimento, na década de cinquenta, do Nouveau Roman francês”, explica Jorge Costa Lopes.

Neste momento está a desenvolver a sua tese de Doutoramento, após ter obtido uma bolsa de estudo da Fundação Calouste Gulbenkian para o efeito, tendo como orientador Pedro Eiras e como co-orientadora, Isabel Pires de Lima, ambos docentes da FLUP.