Poliprisma O poliprisma foi escolhido para ser o rosto da exposição Lux Mirabilis (“Luz Maravilhosa”), que a Universidade do Porto leva ao Museu Nacional Soares dos Reis (MNSR) desde o passado dia 15 de dezembro, no âmbito das comemorações do Ano Internacional da Luz. E porquê? No séc. XVII, passando a luz do sol por um prisma de vidro, o cientista inglês Isaac Newton verificou que a luz branca proveniente do Sol é, na realidade, composta por luzes de várias cores. A decomposição da luz branca nas diversas cores que formam o arco-íris foi, pois, causada pela interposição do prisma. Os estudos da dispersão da luz branca, levados a cabo por Isaac Newton, são contemporâneos do início das conceções científicas da luz, ou seja, do início da ótica moderna. Foi por esse motivo que a Lux Mirabilis escolheu esta peça.

Embora se diga que o arco-íris tem sete cores, na realidade ele tem inúmeras, que incluem muitos tons de vermelho, de alaranjado, de amarelo, de verde, de azul e de violeta. Quando todas estas cores atingem simultaneamente o olho humano, provocam a sensação visual da luz branca. Para demonstrar isso, Newton pintou um disco com as cores do arco-íris e colocou-o em rotação rápida. Com o movimento do disco, conhecido como disco de Newton, o olho passa a vê-lo com a cor branca, resultado da “mistura” de todas as cores do arco-íris.

Disco de Newton

Disco de Newton. (FOto: DR)

O poliprisma (“poli” significa “muitos”) que pode ser encontrado no MNSR resulta de um empilhamento de prismas geometricamente iguais, baixos, feitos de diferentes qualidades de vidro. Não se sabe quem o comprou, ou quando foi comprado. Sabe-se, isso sim, que em 1904 pertencia ao Gabinete de Physica da Academia Polytechnica (que antecede o Laboratório de Física da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto).

Concetualmente, é bem mais antigo, datanto, possivelmente, da primeira metade do séc. XIX. Serve para comparar os espetros de luz visível (o espetro é o conjunto de cores presentes no arco-íris) produzidos por diferentes prismas, o que o identifica como sendo um instrumento marcadamente didático. Cada vidro atua de modo diferente sobre a velocidade da luz, o que é expresso pelo respetivo índice de refração. A consequência é a formação de tantos espetros quanto o número de vidros, mais ou menos desviados e mais ou menos extensos.

Recorde-se que “Lux Mirabilis” é a grande iniciativa da Universidade do Porto no âmbito do Ano Internacional da Luz. Desde a luz na natureza (em minerais, seres vivos e fenómenos atmosféricos), até à luz nas crenças religiosas, mitos e superstições, passando pela evolução das fontes de luz artificial, conceções científicas e respetivas implicações tecnológicas, a exposição reúne cerca de 170 peças que têm por foco a luz, nas suas múltiplas dimensões.

Com entrada livre, de terça a domingo, das 10h00 às 18h30, “Lux Mirabilis” ficará patente até 17 de abril de 2016*.

(Artigo elaborado com a colaboração de Marisa Monteiro, comissária científica da exposição “Lux Mirabilis”.)

* informação atualizada a 23  de março de 2016.