Henrique Barros, professor da FMUP e líder do Geração 21, na apresentação dos resultados.

Com um peso superior ao indicado, as crianças portuguesas preferem os doces aos legumes e são cada vez mais advertidas pelos pais quando “se portam mal”. Estes são alguns resultados já conhecidos do Geração 21, um projeto de investigação inovador da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) que, ao longo do tempo, tem estudado 8647 crianças. A ambição, é fazê-lo até à idade adulta.

Apresentados no passado dia 19 de dezembro, os resultados indicam que, aos sete anos, a prevalência de excesso de peso e de obesidade nas crianças é, respetivamente, 20% e 11%, tendo aumentado desde os 4 anos.

Verificou-se assim que 90% das crianças ingerem a tradicional sopa de legumes, confirmando que o consumo de vegetais das crianças portuguesas é praticamente o dobro do observado em outros países europeus. No entanto, já aos 4 anos de idade, 71% das crianças consumiam diariamente alimentos de elevada densidade energética, como bolos, snacks, doces e refrigerantes.

A asma é o segundo motivo que leva as crianças a recorrer aos serviços de saúde. Entre as crianças que manifestaram sintomas de asma no último ano, apenas um quinto foram diagnosticadas com a patologia.

Os conflitos entre pais e filhos constituem um novo aspeto abordado no projeto, considerado de extrema importância para a compreensão do desenvolvimento físico e psíquico das crianças. Quase todos os pais e mães declararam ter utilizado o castigo ou estratégias disciplinares não violentas no último ano. Mais de 90% dos progenitores declararam ter tido atos de agressão psicológica (falar alto, berrar).

As mães parecem ser as principais disciplinadoras na família, declarando mais frequentemente (90% vs. 80% declarado pelos pais) ter utilizado punição corporal (como uma palmada no rabo) no último ano. As mesmas questões foram colocadas às crianças que reportaram agressões graves e muito graves mais frequentemente do que as declaradas pelos pais.

Estes foram alguns dos principais dados revelados na conferência organizada pela Geração 21, de modo a dar a conhecer à comunidade como estão a crescer, afinal, as crianças deste milénio. De salientar que a Geração 21 tem como principal objetivo identificar características da gravidez e da infância que se relacionem com o desenvolvimento e estado de saúde mais tarde na vida, refletindo também sobre o papel das políticas de saúde na prevenção da doença e promoção da saúde.