Estudo do ISPUP mostra que as medidas para controlo do peso durante a gravidez em mulheres com excesso de peso ou obesidade não prejudicam o desenvolvimento ósseo das crianças.

As medidas para controlo do peso durante a gravidez em mulheres com excesso de peso ou obesidade não prejudicam o desenvolvimento ósseo das crianças. A conclusão consta de um estudo da Unidade de Investigação em Epidemiologia (EPIUnit) do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), que avaliou a relação entre o ganho de peso materno na gravidez e os seus reflexos na qualidade do osso das crianças.

Este resultado contraria os pressupostos tidos até então, segundo os quais qualquer ganho de peso da mãe durante a gravidez parecia ter um efeito benéfico na densidade óssea das crianças, tanto ao nascimento como mais tarde na infância. “O que queríamos perceber com este estudo era se o osso da criança sairia afetado, se impedíssemos que as mães com mais peso engordassem muito durante a gravidez”, refere Teresa Monjardino, primeira autora da investigação, coordenada por Raquel Lucas.

Usando a informação recolhida em cerca de 2200 crianças e respetivas mães da Geração XXI – projeto de investigação que visa avaliar o crescimento e o desenvolvimento de mais de oito mil crianças desde o nascimento – os investigadores demonstraram que “o aumento de peso durante a gravidez acima do recomendado pelo Instituto de Medicina Americano (IOM) não traz benefícios para a qualidade óssea das crianças, quer se trate de mulheres que iniciam a gravidez com peso normal quer mulheres com excesso de peso”, diz a investigadora.

“Os nossos resultados reforçam as orientações para o ganho de peso adequado durante a gravidez atualmente sugeridas pelo IOM, mostrando que não há benefício no aumento de peso acima destas recomendações para a saúde óssea das crianças”, acrescenta.

O estudo designado Gestational Weight Gain and Offspring Bone Mass: Different Associations in Healthy Weight Versus Overweight Women foi publicado na revista Journal of Bone and Mineral Research e contou também com a participação das investigadoras Teresa Rodrigues, Ana Henriques, Ana Cristina Santos e Carla Moreira, do ISPUP, assim como com a colaboração de Cyrus Cooper, da Universidade de Southampton.

A investigação foi distinguida com o ESCEO-AgNovos Healthcare Young Investigation Award, no valor de 2.500 euros, no Congresso World Congress on Osteoporosis, Osteoarthritis and Musculoskeletal Diseases 2017, que decorreu em Florença, entre os dias 23 e 26 de março de 2017.