Professora no ICBAS, Constança Paúl lidera um grupo de investigação sobre envelhecimento no CINTESIS

Sabia que há dispositivos tecnológicos que ajudam a prevenir as quedas das pessoas mais idosas? E que há app’s que facilitam a gestão dos indicadores de saúde dos mais velhos? Está familiarizado com os sistemas de prevenção e deteção de fogos? Ou com o uso das tecnologias para apoiar os pacientes que sofrem de demência?

É para dar a conhecer estas e outras soluções que uma equipa de investigadores e empresários está a desenvolver o ActiveAdvice – um projeto, financiado em 1,3 milhões de euros, que disponibilizará uma plataforma europeia onde as pessoas mais velhas e os seus familiares ou outros cuidadores poderão encontrar produtos e serviços especialmente desenhados para responder às suas necessidades e obterem aconselhamento acerca das soluções mais adequadas à situação que vivem.

Os investigadores portugueses, sob a coordenação de Constança Paúl, pertencem ao CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde e defendem que a utilização das “tecnologias pode ter um propósito preventivo (ajudando, por exemplo, a evitar quedas), ou de compensação e assistência em casos de perda de funcionalidade (por exemplo, softwares para reabilitação física ou cognitiva)”.

“Sabemos que a maioria das pessoas mais velhas prefere permanecer na sua casa, na sua comunidade – desde que seja capaz de manter um nível desejado de autonomia e de bem-estar”, explica Constança Paúl, que acredita que “o uso dos dispositivos de comunicação e as tecnologias podem contribuir em larga medida para aumentar o bem-estar dos idosos”.

De acordo com os censos de 2011, a população idosa portuguesa aumentou 19% na última década. Aumenta assim a necessidade perceber, explicar e intervir no processo de envelhecimento, que se traduz na necessidade de se prestar cuidados a um número crescente de pessoas com idade avançada, que apresentam maior probabilidade de sofrerem problemas de saúde, perda de funcionalidade e, consequentemente de passarem pela experiência de institucionalização e/ou institucionalização.

Ainda que seja verdade que a utilização das tecnologias seja menor entre pessoas mais velhas – a reduzida literacia informática é ainda um desafio considerável nesta faixa etária – “dados europeus de 2016 demonstram que 57% das pessoas com idades entre os 55 e os 74 anos utilizavam a Internet pelo menos uma vez por semana, o que representa um aumento significativo face a 2004, ano em que apenas 7% das pessoas deste grupo etário utilizavam a Internet”, explica Soraia Teles, investigadora do CINTESIS envolvida no projeto.

Também em Portugal o Inquérito à Utilização de Tecnologias da Informação e da Comunicação pelas Famílias de 2016 (INE) reporta uma taxa de utilização da Internet de 47% para a faixa etária dos 55 aos 64 anos e de 28% para a faixa etária dos 65 aos 74 anos. Atividades como consultar notícias ou pesquisar por informação relacionada com a saúde são as mais desempenhadas online por este grupo etário. Falta agora que esse potencial seja usado para responder de forma mais eficiente aos problemas específicos da população mais idosa.

“Uma maior adesão a estas tecnologias depende da sua adequação às necessidades e requisitos das pessoas mais velhas e dos seus cuidadores. É fundamental que se consciencialize o público em geral para a existência destas soluções e para os seus potenciais efeitos positivos”, salienta Soraia Teles.

Este projeto não é responsável pelo desenvolvimento de soluções para os problemas e limitações que afetam os mais idosos. Na verdade, existem já muitas e boas soluções, desenvolvidas e comercializadas na União Europeia. “O que falta é que essas soluções sejam do conhecimento público e passem a ser usadas pelo grupo da população que precisa delas e pode beneficiar com o seu uso”, esclarece Constança Paúl, investigadora do CINTESIS e professora no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS).

As informações para idosos e cuidadores do projeto ActiveAdvice (http://activeadvice.eu/)   estão em fase de desenvolvimento, encontrando-se, neste momento, disponíveis em inglês. Em breve, estarão acessíveis mais conteúdos, em diferentes línguas europeias, incluindo o português.