Os investigadores vão testar diferentes estirpes de cianobactérias da coleção de culturas do CIIMAR (Foto: João Morais)

CYANOBESITY é o nome do projeto europeu do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR) que, ao longo dos próximos três anos, vai aplicar 1.3 milhão de euros no desenvolvimento de novos compostos nutracêuticos (com propriedade terapêuticas, incluindo a prevenção de doenças) extraídos de cianobactérias marinhas, fundamentais para melhorar a qualidade de vida de pessoas com problemas de obesidade.

Partindo da produção de biomassa de estirpes de cianobactérias selecionadas da coleção de culturas do CIIMAR, a maior coleção portuguesa e inscrita no World Federation of Culture Collections, serão realizados diferentes bioensaios em vários tipos de células adiposas (que acumulam gordura) e células hepáticas (presentes no fígado) e em peixes zebra, permitindo o isolamento de compostos bioativos necessários para a elucidação da sua estrutura química.

“Nestes bioensaios, as cianobactérias serão rastreadas quanto a propriedades benéficas para obesidade e comorbidades relacionadas à obesidade (obesidade, doença hepática gordurosa, diabetes, apetite e hiperlipemia)”, refere Ralph Urbatzka, investigador no CIIMAR e coordenador do projeto.

Posteriormente, o mecanismo molecular destes compostos será decifrado por uma inovadora plataforma biotecnológica que combina proteómica química (análise de proteínas) e nanotecnologia. Esta permitirá descobrir os alvos dos novos compostos e simultaneamente reduzir a quantidade do produto natural necessário – um passo crítico no processo de desenvolvimento de compostos bioativo, refere o investigador. Por fim, e de forma a comprovar que estes compostos reduzem a obesidade ou melhoram o metabolismo na obesidade, será efetuado um ensaio in vivo em ratinhos obesos.

O isolamento destas moléculas bioativas permite obter, na fase final, um composto puro que pode ser administrado sob a forma de uma dieta nutracêutica, não sendo misturado com outros metabolitos, reduzindo assim efeitos secundários potencialmente indesejados.

O projeto CYANOBESITY, com a duração de cerca de três anos, envolve um consórcio de quatro países (Portugal, Suécia, Alemanha e Islândia) e é cofinanciado pela Fundação da Ciência e Tecnologia (FCT) no âmbito da ERA-MarineBiotech.