O Cabo Adare encontra-se naquela que é, desde 2016, a maior área marinha protegida do mundo, no mar de Ross, podendo assim funcionar como uma sentinela das mudanças na Antártica. (Foto: U.Waikato)

Investigadores do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) da Universidade do Porto conjuntamente com uma equipa neozelandesa, vão testar o papel do azoto na criação e manutenção de habitats adequados ao desenvolvimento de comunidades biológicas em ambientes extremos.

A Antártida é o continente mais remoto e inóspito, caracterizado por ambientes extremamente secos e com poucos nutrientes. As colónias de pinguins da Antártida desempenham um importante papel, apesar de ainda pouco compreendido, nos ciclos biogeoquímicos e na transferência de elementos entre o oceano Antártico e o ecossistema terrestre.

O projeto NITROEXTREM do Programa Polar Português 2016-2017 liderado por Catarina Magalhães do CIIMAR propõe avaliar o papel da maior colónia de pinguins-de-adélia, no Cabo Adare, Terra de Victoria, na transferência do azoto (N) de zonas costeiras para o seu habitat terrestre, estudando a geoquímica do N no solo e as comunidades microbianas do solo envolvidas no ciclo do N.

“Este estudo está integrado num projeto internacional em curso do Centro Internacional de Investigação Antártica Terrestre (ICTAR) na Universidade de Waikato, Nova Zelândia, liderado por Craig Cary, e constitui uma oportunidade única para a equipa portuguesa”, refere a investigadora.

Na Universidade de Waikato foi construído recentemente um laboratório de confinamento biológico de nível 2, que permite a manipulação de amostras da Antártida em segurança, onde a investigadora Mafalda Batista do CIIMAR, desenvolverá o seu trabalho até final de 2017. A existência de Câmaras Ambientais neste laboratório permite a replicação das condições da Antártida, tais como temperatura, humidade relativa, vento ou luz, criando as condições necessárias para a manipulação das amostras recolhidas pelos investigadores.