Entre as patentes submetidas incluem-se compostos para o tratamento da malária, probióticos, composto ativos para a proteção contra a radiação UV, ou agentes antibacterianos com propriedades anti-incrustantes. (Foto: DR)

Só nos últimos três anos, o Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR-UP) efetuou o pedido de nove patentes na área da tecnologia, biotecnologia e Aquacultura. Seis destas patentes, somadas a um contrato de licenciamento, foram submetidas durante o ano de 2018, o que evidencia a taxa de crescimento no pedido de patentes nos últimos anos.

A valorização da inovação científica e a proteção dos seus resultados é um assunto que desperta cada vez mais atenção por parte de investigadores, centros de investigação e universidades em todo o mundo. O investimento científico na aplicabilidade dos seus resultados é uma preocupação numa época em que a correta gestão de recursos e a transferência de conhecimento direciona o sentido da ciência. Quer ao nível do desenvolvimento de equipamentos, metodologias ou da descoberta de novos compostos, há uma imensidão de oportunidades de valorização dos resultados da investigação científica que a lançou numa era marcada pela investigação aplicada e pela exploração do seu valor comercial.

É precisamente com os olhos postos nesta direção, bem como no potencial dos recursos marinhos e na sustentabilidade, que o CIIMAR vem apostando na proteção do trabalho desenvolvido pelos seus investigadores, com potencial para a indústria e o mercado atuais.

Seis das patentes submetidas nos últimos anos são o resultado de trabalhos na área da biotecnologia marinha e orientam-se para a deteção de compostos isolados a partir de organismos marinhos, sobretudo cianobactérias, estudados em termos de bioatividade para possíveis utilizações na indústria farmacêutica, cosmética entre outras. As patentes desenvolvidas visam proteger o conhecimento obtido acerca destes compostos, as metodologias, a sua síntese química em laboratório assim como a produção de compostos derivados.

Alguns exemplos das patentes desenvolvidas visam proteger compostos para o tratamento da malária, probióticos, composto ativos para a proteção contra a radiação UV, agentes antibacterianos, e com propriedades anti incrustantes. Neste último caso, duas das patentes desenvolvidas na área da biotecnologia focam-se no desenvolvimento de tecnologias anti-incrustantes, mais ecológicas e menos tóxicas para combater a bio-incrustação, um fenómeno que causa graves problemas e consideráveis prejuízos às indústrias do sector marítimo em todo o mundo.

Ainda na vertente tecnológica, foi registada uma patente para um equipamento de amostragem biológica que permite recolher microbiomas aquáticos in situ. Este equipamento para utilização no campo, de tamanho portátil, é capaz de efetuar recolha e concentração de microbiomas planctónicos, mantendo a qualidade do ADN das amostras. Desta forma as amostras podem ser utilizadas em estudos genómicos altamente sensíveis sobre a deteção, atividade e funções destes microbiomas nos ecossistemas.

Já na área da aquacultura, as patentes desenvolvidas protegem quer equipamentos como produtos desenvolvidos no CIIMAR. No primeiro caso, desenvolveu-se um equipamento de alimentação autónoma para aquacultura, associado a sensores de temperatura, salinidade, nível da água, e ainda processadores de dados para previsão de peso do peixe. No seu conjunto, estas informações permitem ao equipamento efetuar uma alimentação direcionada, equilibrada e altamente eficiente para obtenção de produtos de aquacultura apropriados às ambições do mercado. E porque importa que a dieta dos animais seja também eficiente, foi desenvolvida uma patente para proteção de uma metodologia para extração para obtenção de proteínas ou extratos ricos em proteínas a partir de algas para utilização em rações para aquacultura. Neste contexto foram protegidos também os respetivos extratos e suas utilizações, nomeadamente na produção de “receitas” de rações para aquacultura que melhoram a digestão e assim a qualidade do peixe produzido.

Ainda na linha de Aquacultura, foi assinado em janeiro de 2018 um contrato de licenciamento de probióticos para aquacultura desenvolvidos para controlar o crescimento de bactérias e biofilmes que afetam importantes espécies marinhas como o robalo, o pregado ou a dourada e que geram grandes perdas para a aquacultura. Estes probióticos, baseados em metabolitos, péptidos ou proteínas isolados a partir de um conjunto de bactérias permitem fortificar o sistema imunotário dos peixes através de uma dieta rica nestes probióticos e assim diminuir perdas económicas na aquacultura.