Investigadores do CIIMAR vão avaliar os benefícios da incorporação dos resíduos da produção dos biopolímeros em dietas de peixes.

Produzir plástico a partir de algas. Impossível? Nem por isso, ou não fosse essa a proposta do SEABIOPLAS –  Seaweeds from sustainable aquaculture as feedstock for biodegradable bioplastics, um projeto de investigação que conta com a participação do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR), juntamente com mais 10 entidades nacionais e internacionais.

Coordenado pela Estação de Investigação Marinha Daithi O’Murchu (DOMMRS), este projeto visa o desenvolvimento de uma alternativa mais verde para a produção de bioplásticos. Para isso, os investigadores recorreram à utilizam de macroalgas como matéria-prima, por oposição ao uso de alimentos essenciais para o ser humano, como por exemplo, o milho, o trigo, a beterraba e a cana-de- açúcar, entre outros recursos naturais.

A produção das macroalgas assentará  no regime de aquacultura denominado Aquacultura Multi-Trófica Integrada (IMTA), conceito recentemente apontado pela Comissão Europeia como uma ferramenta para aumentar a produção aquícola animal de uma forma sustentável. Esta será efetuada em Portugal pela ALGAplus (produção de algas verdes e vermelhas integrada com dourada e robalo), responsável pela coordenação técnica do projeto e pela  CPS/DOMMRS na Irlanda (produção de algas castanhas integrada com salmão).

O cultivo de algas em IMTA possui vantagens face à produção de outras matérias-primas (como por exemplo através da agricultura intensiva) que incluem a redução efetiva das emissões de CO2, o aumento da produtividade, e redução do consumo de água doce e a não utilização de fertilizantes ou pesticidas.

Ao longo deste trabalho, serão também produzidos biopolímeros para serem testados na elaboração de filmes, tintas e materiais adesivos. A equipa de investigadores do CIIMAR, liderada por Rodrigo Ozório, vai também avaliar os benefícios da incorporação dos resíduos da produção desses biopolímeros em dietas de peixes, monitorizando o desempenho e bem-estar dos animais.

A elevada produção de plásticos tem um grande impacto a nível ambiental, quer em termos de reciclagem e biodegradabilidade, quer no aumento das emissões de CO2 para a atmosfera. Só a Europa produziu em 2010 cerca de 57 milhões de toneladas de plásticos, sendo que 39% foram utilizados no setor de embalagens. Até 2020, 10% dos plásticos produzidos na Europa têm de ser bioplásticos. Estes são polímeros que devem ser derivados de matéria-prima biológica ou biodegradáveis, mas preferencialmente ambos. O polímero atualmente mais produzido que cumpre estes requisitos e igualmente possui características estruturais e funcionais semelhantes ao plástico, é o PLA (Poly-Lactic Acid). No entanto, está dependente de matérias-primas que competem com o sector alimentar.