A bio-incrustação marinha afeta atividades ligadas à navegação, aquacultura, sensores e energias marinhas.

Desenvolver novas substâncias inspiradas em produtos sulfatados de origem marinha capazes de impedir a bio-incrustação em embarcações e com um reduzido risco ambiental são os objetivos do estudo publicado na conceituada revista “Scientific Reports” do grupo Nature, por investigadores do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) e por docentes das faculdades de Farmácia (FFUP) e de Ciências (FCUP) da Universidade do Porto.

A equipa de investigação desenvolveu uma metodologia para sintetizar eficazmente novas substâncias inspiradas em produtos marinhos e demonstrou a eficácia destes produtos no combate à bio-incrustação, com reduzido risco ambiental.

“As substâncias sintetizadas apresentaram resultados promissores na inibição da adesão de larvas de mexilhões a estes substratos, uma das espécies de invertebrados mais problemática no processo de incrustação, sem demonstrarem toxicidade face a um invertebrado não alvo – Artemia salina”, explica Joana Reis de Almeida, primeira autora do artigo.

A bio-incrustação marinha é um fenómeno que causa graves problemas e enormes prejuízos às indústrias do setor marítimo em todo o mundo pelo que, desde tempos ancestrais, têm sido utilizadas tintas anti-incrustantes para combater este processo. Estas apresentam uma elevada toxicidade para o ambiente marinho pelo que o seu uso, na maioria dos casos, foi expressamente proibido.

O CIIMAR tem procurado identificar tecnologias anti-incrustantes mais ecológicas e menos tóxicas para combater a bio-incrustação marinha, através da linha de investigação Novelmar do projeto INNOVMAR e do projeto “Overcoming environmental problems associated with antifouling agents: synthesis of Nature-inspired nontoxic biocides and immobilization in polymeric coatings”.

 Os resultados deste estudo financiado pela Fundação da Ciência e Tecnologia (PTDCC/AAG-TEC70739/2014/POCI-01-0145-FEDER-016793) e coordenado pela investigadora Marta Correia da Silva, “abrem caminho para o desenvolvimento de novos revestimentos anti-incrustantes amigos do ambiente” refere a investigadora.