Os trabalhos dos estudantes de escultura da FBAUP vão estar expostos na FCUP (Foto: Egídio Santos / U.Porto).

A Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP) vai levar o trabalho dos seus estudantes de escultura até à Faculdade de Ciências (FCUP) para uma exposição intitulada “Bucha”. De 4 a 18 de maio, as obras de 11 alunos do Estúdio em Escultura do Mestrado em Artes Plásticas vão estar expostos no hall do Auditório Ferreira da Silva, acessível a toda a comunidade académica.

Os trabalhos “reflectem os projectos que temos vindo a desenvolver individualmente”, explica Bárbara Rosário, uma das estudantes que terá o seu trabalho exposto nesta mostra. A estudante destaca a parceria entre as faculdades que permite que os estudantes possam “contactar e interagir com outras faculdades da U.Porto”. Uma boa oportunidade “para ambas as partes”.

Incluem-se “procedimentos tecnológicos, matéricos e ferramentais que contemplam, necessariamente, muitas buchas, parafusos, pregos, porcas, abraçadeiras, berbequins, rebarbadoras, espátulas, serrotes, martelos e alicates, mas também algumas pausas essenciais para a saudável tertúlia de grupo acompanhada pela Bucha”, de acordo com Rute Rosas, uma das docentes responsáveis pela curadoria do projeto.

O nome “Bucha” vem trazer o duplo sentido à exposição. Além da referência à peça que é usada para auxiliar a fixar as esculturas, trata-se de “uma comparação do momento expositivo com um alimento consumível a ser digerido pelo observador” (entendendo a “bucha” como uma merenda ou lanche). Trata-se de oferecer “ao espectador um ‘alimento’ de outra natureza”, explica Bárbara Rosário.

Os docentes apoiam o conceito. “Esta pausa para a ‘bucha’ revigora um momento da vida académica, mas também de partilha que serve ao enriquecimento e ensaio dos processos destes estudantes, pelo contacto e diálogo com outros pares”, explica Rute Rosas, que partilha a curadoria do projeto com Norberto Jorge, escultor e docente investigador da FBAUP.

Além disso, há uma certa afirmação de portugalidade neste conceito, como conta Gil Raro, outro dos estudantes que irá expor o seu trabalho: “Bucha é algo muito nosso, português. Acima de tudo temos orgulho nisso, e utilizar isso é também marcar uma posição quanto ao uso desenfreado da língua anglo-saxónica”.

Gil Raro acrescenta valor a uma exposição artística num “território” das ciências. “Quem é de ciências deve encarar esta exposição como uma nova forma de ver as coisas. Para quem é de ciências, creio, a dúvida é importante para atingir um resultado”, afirma o estudante. Conseguir ver além do objetivo é uma meta: “Ver manchas, linhas, volumes, espaços negativos e positivos”.

Um desafio que todos podem experimentar na Faculdade de Ciências da U.Porto até 18 de maio, com inauguração marcada para para as 17 horas do dia 4 de maio.

Mais informações no site oficial.