Um estudo desenvolvido por investigadores da Unidade de Investigação em Epidemiologia (EPIUnit) do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUPconcluiu que a exposição ambiental a uma maior diversidade de fungos pode ajudar a reduzir o risco de sensitização alérgica nas crianças, ajudando assim a prevenir o risco de alergias.

Os investigadores partiram para o estudo com o objetivo de avaliar o modo como a diversidade e concentração de micróbios existentes no ar das escolas primárias influencia o desenvolvimento de asma e de alergias em crianças com idades compreendidas entre os 8 e os 10 anos. No final concluíram também que a exposição a concentrações elevadas de endotoxinas (produzidas por certo tipo de bactérias) pode aumentar a severidade dos sintomas alérgicos e respiratórios em crianças atópicas.

As conclusões alcançadas suportam os resultados de estudos recentes que sugerem que a exposição a certos microrganismos, no ambiente do lar, nos primeiros anos de vida, pode ter uma influência protetora sobre a criança, reduzindo o risco de doenças respiratórias.

A investigação utilizou uma amostra de 20 escolas primárias localizadas na cidade do Porto e avaliou o nível de concentração de bactérias e de fungos em 71 salas de aulas. A recolha de amostras do ar das salas decorreu em dois períodos: janeiro a abril de 2014 e outubro de 2014 a março de 2015. Participaram no estudo 858 crianças com idades entre os 8 e os 10 anos, tendo sido submetidas a um questionário que avaliava o seu historial de asma ou de doença alérgica.

“Este estudo realça a importância da exposição a um ambiente biodiversificado nos primeiros anos de vida, algo que se tem vindo a perder com o aumento da urbanização e higienização do ambiente interior. No entanto, foi possível verificar que uma exposição a elevadas concentrações de certos agentes microbiológicos também pode estar associada a um aumento da sensitização alérgica e, portanto, é fundamental promover um ambiente biodiversificado e equilibrado dentro das salas de aula”, refere João Cavaleiro Rufo, investigador do estudo.

Com base nestas evidências, futuras recomendações de saúde pública serão delineadas para ajudar a reduzir o risco de sensitização alérgica em crianças.

O artigo “Indoor fungal diversity in primary schools may differently influence allergic sensitization and asthma in children” foi publicado na “Pediatr. Allergy Immunol.” e encontra-se disponível para consulta aqui.