Raquel Gaião Silva completou recentemente a dissertação para o EMBC+, um mestrado internacional em Biodiversidade e Conservação Marinha. (Foto: DR)

Raquel Gaião Silva, licenciada em Biologia pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), tornou-se recentemente a primeira portuguesa a ganhar o GBIF Young Researchers Award, um prémio mundial – no valor de 5 mil euros – atribuído pela Global Biodiversity Information Facility (GBIF) e destinado a jovens investigadores que estejam a desenvolver trabalhos no domínio da biodiversidade.

A investigação da alumna da FCUP procura compreender o impacto das alterações climáticas na distribuição de macroalgas, na costa Atlântica da Península Ibérica. Para isso, Raquel Gaião Silva usou registos de ocorrência de espécies da rede GBIF e outras fontes, para examinar se e como o aumento da temperatura dos oceanos pode estar a causar alterações nestes organismos. Neste trabalho foram utilizadas coleções dos herbários portugueses de Porto, Aveiro, Lisboa, Faro e do projeto Marine Forests, uma plataforma de ciência cidadã, de acesso aberto, e que promove a monitorização coletiva e internacional de algas.

Aos 23 anos, a antiga estudante da FCUP foi selecionada pelo Comité Científico do GBIF, juntamente com uma estudante de doutoramento norte-americana, de entre um grupo de 14 candidatos nomeados por chefes de delegação de 11 países participantes do GBIF.

“É para mim uma honra receber esta distinção e, acima de tudo, um incentivo para trabalhar para aquilo que me fascina e lutar para que o meu trabalho tenha um impacto positivo no mundo. O que mais me fascina na conservação das espécies em estudo é o seu potencial para o desenvolvimento de industrias ambientalmente sustentáveis e a sua importância para a resiliência de ecosistemas marinhos”, descreve Raquel Gaião Silva.

De acordo com a página oficial do GBIF, os resultados da investigação agora premiada poderão beneficiar investigadores, decisores políticos e residentes costeiros, dentro e fora das áreas de estudo. As algas castanhas, como laminárias e fucos, e outras macroalgas de outros grupos, são espécies-chave para florestas marinhas, uma vez que fornecem alimento, habitat e funcionam como berçários para inúmeros organismos marinhos, incluindo espécies piscatórias de grande importância económica e cultural. Em latitudes mais baixas, perto da área a sul da sua distribuição, as macroalgas são mais sensíveis a alterações de temperatura da água, que podem levar à adaptação, à redução ou expansão da área de ocorrência destes organismos, assim como a extinções locais.

Raquel Gaião Silva completou recentemente a sua dissertação para o EMBC+, um mestrado internacional em Biodiversidade e Conservação Marinha, formado pelo consórcio de seis universidades europeias, entre as quais a Universidade do Algarve, e com mais de 60 parceiros em todo o mundo. Para trás fica um percurso que teve a FCUP como “rampa de lançamento”. Afinal, “foi durante a minha licenciatura na FCUP que tive o meu primeiro contacto com o estudo de macroalgas, quando estagiei no CIIMAR com Iacopo Bertocci e quando o João Franco teve a amabilidade de aceitar a minha presença e ajuda durante uma saída de mergulho no projeto OCEANKELP”, recorda a alumna de Ciências.

O Prémio Anual Jovens Investigadores GBIF existe desde 2010 e tem procurado promover e encorajar a inovação e investigação em tópicos relacionados com a biodiversidade que utilizem dados partilhados através da rede GBIF. A Global Biodiversity Information Facility Young Researchers Award é uma rede internacional e infraestrutura de investigação financiada por governos de todo o mundo, que tem como objetivo fornecer, a qualquer pessoa e em qualquer lugar, o acesso aberto a dados sobre todos os tipos de vida na Terra.