Equipa Seed (Mars One)

Daniel Carvalho, Guilherme Aresta, Teresa Araújo, Miguel Ferreira (U.Porto) e Raquel Almeida (U.Minho) são cinco dos membros da equipa.

Poderá uma planta germinar e sobreviver na atmosfera de Marte? Em 2018, é essa a resposta que a equipa Seed, composta maioritariamente por estudantes e investigadores da Universidade do Porto, vai testar  “a bordo” da missão Lander, na qualidade de vencedora da Mars One, uma competição universitária que dá aos vencedores a possibilidade de participar naquela que será a primeira tentativa alguma vez feita de levar vida a Marte numa missão não tripulada.

Para provar que é possível levar vida da Terra para Marte, a equipa portuguesa pretende fazer germinar sementes de vários tipos de plantas em condições controladas no planeta vermelho. A ideia consiste em enviar as sementes congeladas para Marte, onde serão alimentadas com energia térmica e água. Todo o processo de crescimento da planta – cujo nome será escolhido entre as sugestões avançadas no Twitter do projeto – será monitorizado por fotografias enviadas para a Terra via satélite.

Na “tripulação” da Seed destacam-se os nomes de Daniel Carvalho, Guilherme Aresta, Miguel Ferreira e Teresa Araújo, todos eles estudantes do Mestrado Integrado em Bioengenharia da Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP) e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), e Helena Carvalho, investigadora do Instituto de Biologia Molecular e Celular da U.Porto (IBMC). Juntam-se a eles Raquel Almeida e Miguel Valbuena, estudantes de doutoramento na Universidade do Minho e do Centro de Investigações Biológicas, em Madrid. e Jack van Loon, professor de ciências gravitacionais na Universidade de Amesterdão e investigador na Agência Espacial Europeia (ESA).

Garantido o lugar na missão, os oito membros da equipa têm agora pouco mais de dois anos para construir e desenvolver o protótipo que vai rumar a Marte. «Vamos reunir com toda a equipa, conselheiros e entidades que nos apoiaram, juntamente com a Mars One, para começar a avaliar o nosso projeto e seguir para a construção e,posteriormente, a sua validação», explica Daniel Carvalho, em declarações à agência Lusa.

Por enquanto, o projeto conta já com o apoio estratégico de entidades portuguesas e estrangeiras especializadas em diferentes áreas desde biologia de plantas até à área aeroespacial. Dali espera-se que venha boa parte do financiamento do trabalho. “O projeto tem um custo acima dos 100 mil euros, mas poderá chegar a um milhão. O que já angariámos em dinheiro não é substancial e, por isso, continuámos à procura de investidores”, realça o membro mais novo da equipa.

Se tudo correr como previsto, os resultados obtidos podem, segundo Daniel Carvalho, «contribuir para o desenvolvimento de sistemas de suporte de vida para futuras missões espaciais baseadas na produção de oxigénio e alimento por via das plantas”, bem como “para o estudo do comportamento da planta em ambientes de gravidade parcial (0.38g)”.

Recorde-se seleção do vencedor foi feita através de uma votação pública  realizada junto da comunidade Mars One e através das redes sociais, que envolveu os dez projetos finalistas (selecionados de um total de 35 candidatos) oriundos de todo o mundo.

A Mars One é uma fundação sem fins lucrativos holandesa que pretende estabelecer a primeira base humana em Marte antes de 2030. De resto, a experiência da Seed e antecipa em pelo menos dois anos o projeto da agência espacial norte-americana NASA de enviar plantas para o planeta, no âmbito do projeto Mars Plant Experiment (MPX).